Do preparo ao consumo, alguns cuidados podem tornar a tarefa mais fácil
Para os pequenos, um prato saudável nem sempre é unânime com o gosto deles. Afinal, quem nunca presenciou uma criança fazendo careta ao ter que comer uma folha de alface, um ramo de brócolis, um pedaço de maçã ou outro vegetal à mesa?
Mas nem por isso os pais precisam deixar de lado os nutrientes essenciais nas refeições infantis. Com algumas dicas no dia a dia e cuidados na hora de montar os pratos, é possível deixar as refeições das crianças mais saudáveis e, ao mesmo tempo, evitar brigas e discussões à mesa.
Hoje, vou te listar cinco dicas que podem ser úteis nesse processo e como aplicá-las na sua rotina de maneira mais simplificada:
Conteúdo
Por que é importante que as crianças comam refeições saudáveis?
O que para alguns pais pode parecer óbvio, para outros não passa de uma preocupação excessiva. Mas fazer com que os filhos comam alimentos nutritivos não é apenas uma questão de gosto ou de considerar que é apenas uma fase que passará conforme eles envelhecem.
Há estudos científicos que comprovam que a má alimentação na infância está relacionada com problemas de sono, obesidade, diabetes, pressão alta e outras comorbidades que podem perdurar na vida adulta e elevar o risco de morte.
Além disso, outras pesquisas comprovam que as crianças tendem a escolher pratos com alta concentração de calorias, de gorduras saturadas e com alto teor de sódio em relação ao que é recomendado para a faixa etária delas.
Por isso, os pais podem ajudar nesse processo ao introduzir alimentos saudáveis desde cedo e encorajar os filhos a comerem refeições mais nutritivas. Não é uma solução imediata, mas com o tempo, ela irá optar por preparos mais caseiros e ricos em nutrientes.
5 dicas de como deixar as refeições das crianças mais saudáveis
Algumas dicas podem ser úteis para conservar os bons hábitos à mesa, sem pesar na dose da responsabilidade ou gerar atritos na relação entre pais e filhos:
1 – Preparo em conjunto
Ao invés de montar os pratos que as crianças irão comer, que tal fazer com que elas participem de todo o processo? Pode ser dando uma pequena ajuda ao preparar uma massa, ao temperar uma salada, ao arrumar a mesa, ao escolher quais frutas, legumes e verduras serão servidas em conjunto. Há um leque de oportunidades que os pais podem aproveitar para tornar a refeição mais lúdica e divertida para incentivar os pequenos.
E quanto mais a criança participa do processo, mais ela se envolve com o alimento, e isso aumenta a chance de aceitar melhor determinadas refeições que seriam motivo para um nariz torcido à mesa.
2 – Seja o exemplo
Pode até ser que seu filho não seja o maior fã de comer verduras ou frutas. Mas e você, costuma consumir esse tipo de alimento nas suas refeições ou não? A criança só vai querer comer aquilo que for hábito alimentar da família e o que ela ver os pais comendo.
Já não existe mais a premissa do “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço” atualmente. A educação alimentar costuma ser bem mais eficiente quando você é o exemplo do que almeja no seu filho.
3 – Ambientação importa
Com qual frequência você reúne toda a família para comer as refeições à mesa? Em uma realidade em que televisão, videogame, tablets e celulares fazem parte da rotina tanto dos pais quanto dos filhos, nem sempre se unir para almoçar ou jantar é priorizado.
É importante que todos os familiares deem foco ao prato que vão consumir, que troquem vivências e conversas, que discutam os sabores da comida e que pratiquem a técnica de comer com atenção plena (do inglês, mindful eating).
A recomendação é fazer desse momento algo mais divertido e prazeroso, sem pressão ou broncas porque a criança não comeu tudo. Deixe o ambiente propício para que ela se sinta confortável, segura e feliz de realizar aquela refeição junto a quem ama.
4 – Sem consequências
A ideia de castigar a criança pelo alimento que ela comeu ou deixou de consumir precisa ser deixada de lado. O motivo é que ela pode acabar fazendo uma associação equivocada em relação à importância do ato de comer, e isso pode ser bastante prejudicial futuramente.
O mesmo vale para quem costuma oferecer recompensas ou bônus positivos quando o filho come algum legume que não gosta, por exemplo. O efeito é similar, seja pela recompensa positiva ou pelo castigo.
5 – Mantenha uma rotina
Por fim, mas não menos importante, faça o máximo que conseguir para as refeições acontecerem no mesmo horário ou em um período similar do dia. A frequência alimentar auxilia no entendimento da criança de que manter a constância faz bem para sua saúde, tanto física quanto mental.
Além disso, evite oferecer petiscos, como salgadinhos, castanhas e lanchinhos próximo da hora das refeições principais, pois isso pode atrapalhar a aceitação do alimento que causa a discórdia entre pais e filhos.
E lembre-se, o café da manhã não é para ser pulado ou evitado! Pelo contrário, é a refeição mais importante do dia, pois dará energia e disposição para a criançada enfrentar as atividades diárias.
Mesmo se seu filho não estiver com fome logo após acordar, vale a pena tentar criar o hábito matinal aos poucos. Comece com um pedaço de fruta ou um copo de leite desnatado, e inclua mais calorias pela manhã e menos à noite, para ele se acostumar sem crises.
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Este conteúdo não substitui a orientação de um especialista. Agende uma consulta com o nutricionista de sua confiança.
Referências
Silke M. et al. The effect of modest changes in sleep on dietary intake and eating behavior in children: secondary outcomes of a randomized crossover trial. The American Journal of Clinical Nutrition, 2023.
Dimitra Z. et al. Children’s food choices are highly dependent on patterns of parenting practices and food availability at home in families at high risk for type 2 diabetes in Europe: Cross-sectional results from the Feel4Diabetes study. J Hum Nutr Diet, 2023.
Healthy Eating. Nemours Health Kids, 2018.
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Nutricionista, doutora e pós-doc pela USP, diretora científica do Ganepão e editora da maior plataforma em conteúdo de maternidade do Brasil, De Mãe em Mãe.