Pesquisadores italianos publicaram na revista World Journal of Gastroenterology um estudo demonstrando que a suplementação de L-carnitina modula o padrão hematológico e pode ser útil para pacientes em tratamento de hepatite C crônica.
O objetivo do estudo foi avaliar a eficácia da L-carnitina em aliviar anemia, trombocitopenia (redução do número de plaquetas no sangue) e leucopenia (redução do número de leucócitos no sangue), buscando a redução da dose do tratamento medicamentoso, com consequente redução dos efeitos colaterais.
Trata-se de um estudo prospectivo e randomizado, que avaliou 69 pacientes com hepatite C crônica em tratamento medicamentoso (interferon alfa peguilado [PEG-IFN-alfa] combinado com a droga antiviral ribavirina [RBV]). Os participantes foram divididos aleatoriamente em dois grupos:
Grupo L-carnitina (n=35): recebeu PEG-IFN-alfa + RBV + L-carnitina (2g, 2x/dia, via oral), durante 12 meses;
Grupo controle (n=34): recebeu PEG-IFN-alfa + RBV + placebo, durante 12 meses.
Todos os pacientes foram submetidos a exames laboratoriais, incluindo: contagem de glóbulos vermelhos, hemoglobina (Hb), contagem de glóbulos brancos, plaquetas, bilirrubina, alanina aminotransferase (ALT), aspartato aminotransferase (AST) e viremia. As biópsias do fígado foram realizadas seis meses antes do início da terapia e seis meses após o fim do tratamento.
Os pesquisadores observaram que após 12 meses, o grupo L-carnitina quando comparado ao grupo controle apresentou menor impacto na redução dos níveis de Hb 1 vs 3,5 (g/dL; p<0,05), glóbulos vermelhos 0,3 vs 1,1 (p<0,001), glóbulos brancos 1,5 vs 3 (× 10 9 / L; P <0,001) e plaquetas 86 vs 85 (10 × 9 / L; P <0,001). Isso indica que houve redução de anemia, neutropenia e plaquetopenia nos pacientes do grupo L-carnitina. Além disso, em comparação entre os grupos, primeiramente o grupo L-carnitina e posteriormente o grupo controle, os pacientes que responderam ao tratamento finais foram de 18 vs 12 (60% vs 44%), e os que não responderam foram 12 vs 15 (40% vs 50%) [p<0,05]. Na mesma comparação, o grupo L-carnitina apresentou melhora significativa da resposta virológica sustentada em 15 vs 7 pacientes (50% vs 25%), enquanto os recidivantes foram 3 vs 5 (10% vs 18%) [p<0,001].
Segundo os autores, o IFN-alfa em associação com ribavirina representa a ferramenta mais eficaz no tratamento de hepatite crónica C. No entanto, esse tratamento pode causar efeitos colaterais hematológicos.
“Estes efeitos adversos levam frequentemente à interrupção do fármaco ou modificações da dose. Em nossos estudos anteriores, observamos que a L-carnitina melhora a resposta terapêutica, qualidade de vida e reduz a esteatose em pacientes com hepatite C tratados com interferon”, comentam os autores.
“O tratamento associado com L-carnitina pode oferecer a possibilidade de adaptar o tratamento para os pacientes aumentarem as chances de uma resposta virológica sustentada, evitando tratamento medicamentoso excessivo. Os efeitos benéficos bem estabelecidos de L-carnitina, incluindo a modulação da produção de energia celular, metabolismo de lipídios, eritropoiese, leucopoiese e trombocitopoiese sugerem fortemente que a suplementação deste nutriente pode ser útil em doentes tratados por hepatite C crônica”, concluem.
Referência (s)
Malaguarnera M, Vacante M, Giordano M, Motta M, Bertino G, Pennisi M, et al. L-carnitine supplementation improves hematological pattern in patients affected by HCV treated with Peg interferon-á 2b plus ribavirin. World J Gastroenterol. 2011;17(39):4414-20.