A população idosa apresenta altos índices de desnutrição, desidratação e obesidade. Tais condições podem gerar graves consequências para a saúde, principalmente nesta faixa etária. Pensando nisso, a Sociedade Europeia de Nutrição Clínica e Metabolismo (ESPEN) elaborou uma diretriz com orientações clínicas de nutrição e hidratação do idoso, de modo a prevenir e tratar os problemas desta fase de vida.
Ao total, são 82 recomendações, elaboradas a partir de uma revisão sistemática da literatura científica e que substituem diretriz publicada em 2019. A seguir, selecionamos algumas destas orientações; confira.
Princípios gerais
A ingestão energética em idosos deve ser de 30 kcal/kg/dia. Este valor deve ser individualmente ajustado quanto ao estado nutricional, nível de atividade física, estado da doença e tolerância (Recomendação 1, R1).
A ingestão de proteínas em idosos deve ser de pelo menos 1 g/kg/dia. O valor também deve ser individualmente ajustado (R2).
As mulheres mais velhas devem receber pelo menos 1,6 L de bebidas por dia, enquanto os homens mais velhos devem receber pelo menos 2 L, a menos que haja uma condição clínica que exija uma abordagem diferente (R5).
As restrições alimentares que podem limitar a ingestão alimentar são potencialmente nocivas e devem ser evitadas (R10).
Prevenção e tratamento da desnutrição
Todos os idosos devem ser rotineiramente rastreados para desnutrição com uma ferramenta validada (R12).
De modo a incentivar a ingestão alimentar adequada e a qualidade de vida, os seguintes cuidados devem ser oferecidos para idosos desnutridos ou em risco de desnutrição:
- Assistência na hora das refeições (R14);
- Ambiente familiar, agradável e compartilhado com outras pessoas (R15);
- Educação nutricional (R16);
- Incentivo ao exercício físico (R18);
- Quantidades adequadas de energia e proteína (R19).
Para apoiar a ingestão dietética adequada, modificações alimentares podem ser necessárias:
- Inclusão de alimentos fortificados (R23);
- Lanches adicionais e “finger foods” (R24);
- Ao haver sinais de disfagia e/ou problemas de mastigação, oferecer alimentos com texturas modificadas (R25).
Indica-se Suplementos Nutricionais Orais (SNO) quando o aconselhamento dietético e a fortificação de alimentos não forem suficientes, para idosos hospitalizados ou ainda na alta hospitalar (R26, R27, R28).
Os Suplementos Nutricionais Orais (SNO) devem fornecer pelo menos 400 kcal/dia, incluindo 30 g ou mais de proteína/dia, e mantidos por pelo menos 1 mês, sendo avaliada constantemente (R29, R30, R31).
A Nutrição Enteral e Parenteral só devem ser usadas se houver uma chance real de melhora ou manutenção da condição do paciente (R39).
Durante os 3 primeiros dias de NE ou NP em idosos desnutridos, atenção especial deve ser dada aos níveis sanguíneos de fosfato, magnésio, potássio e tiamina, que devem ser suplementados mesmo em caso de deficiência leve (R42).
Prevenção e tratamento da desidratação
Todos os idosos devem ser rastreados para desidratação, preferencialmente através da osmolaridade sérica ou plasmática medida diretamente, sendo considerada desidratação valores acima de 300 mOsm/kg (R58, R59).
Para prevenir a desidratação em idosos, a equipe cuidadora deve:
- Encorajá-los a consumir quantidades adequadas de líquidos, de acordo com suas preferências (R65, R66);
- Oferecer bebidas com alta frequência (R68);
- Apoiar os idosos no momento de beber ou ir ao banheiro rapidamente, sempre que eles precisarem (R68).
O tratamento da desidratação se dará de acordo com a condição do idosos:
- Idosos que pareçam bem → aumentar a ingestão de líquidos (R73);
- Idosos que pareçam indispostos → aumentar a ingestão de líquidos + oferecer fluidos subcutâneos ou intravenosos (R74);
- Idosos incapazes de beber → oferecer fluidos intravenosos (R75).
Tratamento da obesidade
Em idosos com sobrepeso, dietas para redução de peso devem ser evitadas, para evitar a perda de massa muscular e o declínio funcional (R79).
Em idosos obesos com problemas de saúde, dietas para redução de peso só devem ser consideradas após ponderação dos benefícios e riscos. Ainda assim, a restrição energética deve ser apenas moderada, e aliada à exercícios físicos, de modo a haver redução de peso lenta e a preservação da massa muscular (R80, R81, R82).
Para ler a diretriz completa, clique aqui.
Veja também:
Guia OMS de atenção e cuidado com o idoso – Nutritotal PRO
Diretriz ESPEN sobre nutrição hospitalar – Nutritotal PRO
Diretrizes de Prática Clínica para Adultos Idosos com Fragilidade – Nutritotal PRO
Referência:
VOLKERT, Dorothee et al. ESPEN practical guideline: Clinical nutrition and hydration in geriatrics. Clinical Nutrition, v. 41, n. 4, p. 958-989, 2022.