Qual o papel dos suplementos no tratamento de idosos com demência?

Postado em 17 de fevereiro de 2022

Perda de peso e desnutrição são condições frequentes no caso das demências

suplementos para idosos com demência

A população do Brasil e do mundo está envelhecendo. Segundo dados do IBGE, a expectativa é de que a população brasileira com mais de 60 anos ultrapasse 41,5 milhões, em 2030.

O aumento do número de idosos vem acompanhado de uma expectativa de vida também maior, atingindo 75,67 anos em 2018, e com as pessoas vivendo cada vez mais, vemos crescer o número de doenças crônicas entre os idosos, como as demências.

A demência é caracterizada como um declínio no funcionamento cognitivo que leva à dependência no desempenho das atividades diárias, incluindo a suficiência nutricional.

Esse grupo de doenças inclui Doença de Alzheimer e Doença de Parkinson e atinge mais de 46 milhões de pessoas no mundo, o que desperta grande interesse da comunidade médica em ter estratégias que evitem o surgimento ou progressão das demências.

Entre as complicações relacionadas a presença de demências, sob o ponto de vista nutricional, a perda de peso é a que mais requer atenção.

A desnutrição é um estado resultante da redução de ingestão ou absorção de nutrição que leva à alteração da composição corporal e da massa celular corporal e, posteriormente, à diminuição da função física e mental, fragilidade e dependência para as atividades de vida diária.

A diretriz ESPEN de Nutrição na Demência destaca que há fracas evidências de que suplementos orais e ingestão de micronutrientes possam reverter o quadro da demência, mas que, sem dúvidas, suplementos orais para fornecimento de proteína e energia são indicados para manejo da perda de peso e da perda de massa muscular.

Revisão sistemática elaborada por Tangvik e colaboradores identificou que o uso de suplementos orais melhorou significativamente o estado nutricional de idosos com demência, que apresentaram, inclusive, ganho de massa muscular.

Estudos evidenciaram também melhora nos níveis de biomarcadores nutricionais, como homocisteína, difosfato de tiamina, vitamina B6, vitamina B12, ácido fólico e vitamina D no grupo que recebeu suplemento oral em comparação com o grupo controle. No entanto, não foram observados efeitos do uso de suplementos orais na melhora de parâmetros cognitivos dos idosos.

Desta forma, conclui-se que para idosos com demência o uso de suplementos orais, favorece a manutenção ou ganho de peso, o que, indiretamente, pode postergar o surgimento de complicações, como sarcopenia e fragilidade.

Referências

BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo demográfico de 2010. Características da População e dos Domicílios.

Tangvik RJ et al. Effects of oral nutrition supplements in persons with dementia: A systematic review. Geriatric Nursing, 2021, 42(1), 117-123. 10.1016/j.gerinurse.2020.12.005

Volkert D et al. ESPEN guidelines on nutrition in dementia. Clinical Nutrition, 2015, 34(6), 1052-1073. 10.1016/j.clnu.2015.09.004

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