Diretrizes de Prática Clínica para Adultos Idosos com Fragilidade

Postado em 21 de fevereiro de 2022

Intervenções abrangentes são necessárias para melhorar o quadro de fragilidade

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Fonte: Shutterstock

Idosos com Síndrome de Fragilidade enfrentam um maior número de déficits de saúde, além de possuírem uma menor capacidade de resistir a consequências negativas. As Diretrizes de Prática Clínica são de suma importância para orientar os profissionais no processo de atendimento destes idosos, bem como na melhora de seu funcionamento físico e qualidade de vida.

Por isso, hoje trouxemos informações coletadas de duas publicações recentes, que reúnem as estratégias mais atualizadas para gerenciar a fragilidade do adulto idoso no ambiente clínico, baseadas em revisões sistemáticas e metanálises. Vamos conferir?

 

Em primeiro lugar, o que é a fragilidade?

Em suma, a Síndrome de Fragilidade é definida como uma condição geradora de maior vulnerabilidade aos resultados de saúde, proveniente do declínio fisiológico do indivíduo, e tem sido associada a muitos resultados adversos, incluindo: quedas, delírio, institucionalização, maus resultados após cirurgia, dependência funcional, incapacidade e morte.

Apesar de ser passível de melhora, são muitos os contribuintes para a sua progressão, tais como a perda de peso, o baixo nível de atividade física, e a falta de suporte social.

 

O que dizem as diretrizes?

A seguir, estão indicados os procedimentos mais indicados para melhora do status de fragilidade na prática clínica, baseados em evidências científicas e consensos de especialistas.

 

  1. Identificação precoce

A diretriz canadense “British Columbian Guideline” recomenda uma abordagem de identificação precoce dos primeiros sinais de alerta da fragilidade entre os idosos, especialmente entre aqueles que acessam regularmente serviços sociais e de saúde.

Os sinalizadores incluem a perda de peso não intencional (superior a 5% do peso corporal), quedas, delírio, imobilidade, polifarmácia e problemas de deglutição.

Após a triagem nutricional, aqueles identificados como estando em risco de fragilidade devem passar por uma avaliação de fragilidade adicional, utilizando uma ferramenta validada.

  1. Prática de atividade física

Sugere-se que a prática de atividade física reduza (e até mesmo reverta) o nível de fragilidade do idoso, além de melhorar a mobilidade (velocidade de caminhada, sentar e ficar em pé, equilíbrio, etc), as atividades da vida diária, a qualidade de vida e as funções cognitivas.

Em especial, as atividades físicas multicomponentes (ou seja, combinação de exercícios aeróbicos, de resistência, de equilíbrio, flexibilidade e reabilitação) parecem ter um grande efeito na redução da gravidade da fragilidade.

A prescrição das atividades deve ser adaptada às necessidades do indivíduo, seu estado de saúde, suas preferências e seu estado cognitivo. Encaminhamentos para especialistas em exercício e integração de estratégias de mudança de comportamento podem ser apropriadas para garantir um apoio personalizado.

  1. Otimização da ingestão alimentar

Diversas autoridades (tal como a Sociedade Europeia para Nutrição Parenteral e Enteral) sugerem dietas de alta densidade energética, bem como o uso de fortificadores alimentares e a suplementação oral energética e proteica, especialmente quando a perda de peso não intencional ou a desnutrição estão presentes.

Particularmente para as proteínas, sabe-se que o consumo bem distribuído desses nutrientes, em porções de 25 a 30 g por refeição, é importante para maximizar a absorção de aminoácidos e promover a síntese proteica em adultos idosos.

Doses entre 2 a 2,8 g de leucina (um aminoácido essencial) fornecido em cada refeição diária foram mostradas como estimuladoras da síntese de proteínas musculares e inibidoras do catabolismo muscular.

Dentre os resultados positivos destas recomendações, têm-se a melhora no estado de fragilidade, nos resultados físicos e na mobilidade.

Para a suplementação de vitamina D, embora algumas evidências sugiram seu uso, elas são insuficientes para concluir se há melhora do estado nutricional ou do desempenho físico.

Em relação à educação nutricional, as evidências não são consensuais em relação à melhora do estado nutricional, apesar de parecer benéfica para o status da fragilidade, desempenho e capacidade funcional.

  1. Estratégias combinadas de nutrição e atividade física

É fortemente recomendado que as estratégias alimentares e físicas sugeridas anteriormente sejam integradas, a fim de se construir intervenções com resultados mais garantidos.

Além disso, os riscos potenciais de iniciar o exercício físico quando a nutrição está inadequada incluem a capacidade de exercício limitada, ganhos de força muscular atenuados e perda de peso, consequências nada agradáveis para idosos com fragilidade.

  1. Intervenções multicomponentes

Para um tratamento completo, as intervenções devem ser multifatoriais. Além de alimentação e atividade física, estratégias voltadas para a saúde bucal, redução da polifarmácia, tratamento psicológico, promoção de habilidades sociais, gestão de sarcopenia, entre outros, foram consideradas mais eficazes para melhorar a fragilidade e a capacidade funcional de idosos nestas condições.

Deste modo, intervenções mais apropriadas para gerenciar a fragilidade, aumentar a qualidade de vida dos pacientes e reduzir os custos de saúde e assistências social são aquelas que:

  1. Entregam estratégias simultâneas;
  2. Envolvem profissionais de diversas áreas de conhecimento, ou seja, uma equipe multidisciplinar;
  3. São centradas no paciente;
  4. Incluem uma avaliação abrangente e uma abordagem bem coordenada e proativa.

 

Então, qual é o papel dos profissionais no tratamento de idosos com fragilidade?

A partir das diretrizes analisadas, fica claro o importante papel dos profissionais da saúde na adoção de estratégias multifatoriais, incluindo intervenções alimentares e de atividade física, que consideram o nível de fragilidade do idoso no momento da avaliação.

Para ler as publicações analisadas por completo, clique nos links abaixo:

 

Referências:

LORBERGS, A. L. et al. Nutrition and Physical Activity Clinical Practice Guidelines for Older Adults Living with FrailtyThe Journal of Frailty & Aging, p. 1-9, 2021.

KHOR, Phay Yean; VEARING, Rebecca M.; CHARLTON, Karen E. The effectiveness of nutrition interventions in improving frailty and its associated constructs related to malnutrition and functional decline among community‐dwelling older adults: A systematic reviewJournal of Human Nutrition and Dietetics, 2021.

 

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