A deficiência de ferro é mais prevalente entre pequenos com SD, mas dá para prevenir…
Ser o exemplo para os pequenos inclui também os cuidados com a nutrição.
Você já deve ter ouvido aquela expressão: “filho de peixe, peixinho é”. Ela costuma ser usada quando os filhos fazem algo que remete a uma característica ou atitude dos pais, afinal, os adultos acabam servindo de exemplo para que as crianças aprendam muito do que sabem no dia a dia, inclusive a alimentação.
Por mais que queremos ver os pequenos crescerem fortes, essa realidade pode ser mais difícil de acontecer se os pais também não seguem hábitos saudáveis, consumindo frutas, legumes e verduras diariamente, e evitando alimentos ultraprocessados.
Separamos, a seguir, uma explicação de como a alimentação dos pais influencia na dos filhos e dicas para tornar as refeições em família mais nutritivas, para que o exemplo possa ser levado adiante:
Conteúdo
De que forma a alimentação dos pais influencia na dos filhos?
Os pais desempenham um papel fundamental na formação dos hábitos alimentares de seus filhos. Eles são os responsáveis por criar um ambiente familiar em que a criança fará suas refeições, e com isso, se sentirá segura e confortável para isso.
Tudo deve ser levado em conta desde cedo, quando a partir dos seis meses, o bebê já consegue iniciar a transição do aleitamento materno para a introdução de alimentos sólidos.
Os adultos devem optar por alimentos saudáveis e que ajudem a incentivar a mastigação e dentição do pequeno, sem que também seja um alimento que machuque a boca ou que possa causar algum engasgo. Frutas cortadas, tiras de legumes, pastinhas e purês costumam ser boas opções nessa etapa.
Com o passar do tempo, as crianças vão observar o que os pais também comem no dia a dia. Essas experiências, quando positivas, podem ajudar seus filhos a desenvolver hábitos alimentares saudáveis mais tarde na vida.
Porém, quando negativas, podem acabar gerando alterações de peso drásticas desde cedo, além de insegurança alimentar, problemas comportamentais e outras condições de saúde.
Existem estudos que comprovem essa influência?
Sim, há pesquisas científicas que estudaram como fatores sociais nas refeições familiares estariam associadas à forma da criança se alimentar. Uma análise feita pelo International Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity, avaliou os comportamentos relacionados a uma dieta de 798 crianças entre 3 e 6 anos de idade.
Para isso, eles fizeram um questionário de frequência alimentar com os pais dessas crianças. Como resultado, foi possível identificar que tanto a alimentação dos pais quanto dos filhos se assemelham na quantidade diária de ingestão de alguns produtos, como frutas, doces, leite desnatado, batata frita e pipoca.
Entretanto, os tipos de alimentação ficavam diferentes em outros, como no consumo de suco de frutas açucarado, leite saborizado e adoçado e bebidas à base de plantas. Assim sendo, os autores concluíram que a semelhança na dieta demonstra que os hábitos alimentares são transmitidos dos pais para os filhos.
Como criar um ambiente alimentar seguro para as crianças?
Seja em casa, na escola, na casa da vovó ou em qualquer outro lugar, um ambiente seguro é essencial para que os pais incentivem os filhos a se alimentar corretamente. Veja dicas de como criar esse espaço e torná-lo parte da rotina:
Mantenha horários regulares
Reunir a família para um café da manhã, almoço ou jantar em horários semelhantes ao longo da semana acaba criando uma rotina saudável para as crianças. Ao observarem que os pais seguem um ritmo constante, o ciclo circadiano delas se habitua aos mesmos horários, e a fome e o sono ficarão regulados.
Se o pequeno (ou mesmo você) sentir fome entre uma refeição e outra, não deixe de comer um lanche nesse período. Programe-se para oferecer opções nutritivas, como vegetais cortados, castanhas, iogurte desnatado, frutas, entre outros.
Todos à mesa
Nem sempre é possível conciliar os horários de todo mundo da família. Os pais podem precisar ficar um pouco mais no expediente, os filhos também têm horários para as tarefas escolares, porém, é importante tentar encaixar sempre um horário em que todos consigam se reunir para fazer a refeição à mesa.
Estudos comprovam que as crianças que fazem refeições com a família tendem a comer alimentos mais saudáveis, como frutas, vegetais e grãos integrais, além de também serem propensos a manter um peso corporal mais saudável.
E não é apenas o lado nutricional que é beneficiado nas refeições em família. É o momento para falar como foi o dia, ouvir histórias, argumentar questões, incrementar vocabulários, advertir sobre cuidados e falar sobre assuntos pertinentes. Isso ajuda a desenvolver o comportamento e a saúde mental das crianças.
Não fique na monotonia
Apesar da rotina ser importante, quebrá-la também é necessária de vez em quando. Uma vez por semana, experimente fazer uma refeição temática com as crianças, para que elas descubram novos pratos e gostos.
Por exemplo, tente fazer um piquenique em um dos almoços e coloque petiscos diferentes. Ou faça o dia do prato com cara engraçada. O dia das comidas coloridas. O dia da comida do personagem favorito de desenho do seu filho. Desperte sua criatividade para tornar o momento mais divertido, sem perder o lado saudável.
Evite a pressão
Muitas crianças podem acabar se recusando a comer determinados alimentos, especialmente frutas e vegetais. Mas ao invés de pressioná-las e forçá-las no consumo, é melhor evitar a insistência e experimentar novas formas de introduzir o alimento na rotina, mudando a forma de preparo e a apresentação.
Tenha alimentos saudáveis em casa
Torne o acesso a frutas, legumes e verduras mais fácil em sua casa. Preencha a geladeira, o freezer, a despensa e a fruteira com esses alimentos e instrua os pequenos sobre como e quando podem pegá-los. E não se esqueça de deixar tudo higienizado caso queira o consumo prático.
E como os pais podem ser um modelo para a alimentação dos filhos?
Além do ambiente, a alimentação dos pais é um exemplo que as crianças levam em conta ao adotarem hábitos saudáveis. Por isso, considere tomar esses cuidados:
Mostre que os alimentos saudáveis são gostosos
Coloque no seu prato os mesmos alimentos que você quer que seu filho coma. Você pode reforçar em voz alta que “o brócolis está uma delícia”, por exemplo. Ao verem que os pais estão felizes comendo, os pequenos tendem a se sentir mais seguros para fazer o mesmo.
Limite ultraprocessados
Por outro lado, se você não quer que seu filho se entupa de salgadinhos e biscoitos recheados, não seja o exemplo. Evite esses produtos na sua alimentação também, e mostre que você também está querendo uma vida mais saudável para toda a família. E não coma escondido para que a criança não perca a confiança em você.
Além da alimentação
Você ainda pode ser o exemplo para a prática de exercícios físicos. Movimente-se, brinque com seu filho e faça o corpo ficar ativo para queimar as calorias necessárias no dia a dia.
Veja mais conteúdos sobre alimentação das crianças:
- Como deixar as refeições das crianças mais saudáveis
- Hora do lanche: waffle de banana
- É comida de criança? Conheça os mitos e verdades sobre alimentos tipicamente oferecidos a crianças
Acompanhe o Nutritotal – Para Todos no Instagram para mais dicas de nutrição infantil!
*Este conteúdo não substitui a orientação de um especialista. Agende uma consulta com o nutricionista de sua confiança.
Referências
Mattea D. et al. Effect of Longer Family Meals on Children’s Fruit and Vegetable Intake. JAMA Network, 2023.
Why the Family Meal Is Important. Stanford Medicine, acesso em outubro de 2023.
Parents’ Influence on Children’s Eating Habits. Unlock Food Canada, 2022.
Parceiro:
Nutricionista, doutora e pós-doc pela USP, diretora científica do Ganepão e editora da maior plataforma em conteúdo de maternidade do Brasil, De Mãe em Mãe.