O diabetes mellitus gestacional é caracterizado pelo aumento da glicose no sangue que ocorre pela primeira vez durante a gestação. A estimativa é que uma em cada seis gestantes apresentem alteração na glicemia. E entre as causas para o desenvolvimento da doença está justamente a resistência à ação da insulina, que é fisiológica e está relacionada aos hormônios da gravidez, associada à produção insuficiente de insulina.
Mas alguns fatores que interferem diretamente nesse desenvolvimento podem ser modificados, como o sedentarismo, a ingestão calórica excessiva e o excesso de ganho de peso. Assim, a dieta é fundamental tanto na prevenção como no tratamento do diabetes gestacional. Neste último caso, a dieta tem como objetivo favorecer o controle glicêmico e evitar complicações tanto para mãe como para o filho.
E a melhor dieta para o diabetes gestacional deve considerar uma série de aspectos. A começar pelo consumo calórico, que deve estar adequado para proporcionar a meta de ganho de peso da gestante. Além disso, os carboidratos são a principal fonte de energia da alimentação, mas é fundamental que seu consumo seja controlado. Eles devem ser consumidos em todas as refeições, mas com quantidades adequadas e sem excesso, o que em geral representa cerca de 1/4 do prato, de preferência em, no mínimo, 6 refeições, com quantidades padronizadas para cada refeição.
A gestante deve priorizar carboidratos integrais, feijões e leguminosas e alimentos ricos em fibras, e evitar os carboidratos refinados como pão branco, massas e arroz branco. O açúcar não precisa ser proibido, mas seu consumo deve ser esporádico e, quando consumido, o indicado é que seja na menor quantidade possível
Alimentos dietéticos devem ser evitados, pois alguns adoçantes não são indicados durante a gestação e esses produtos costumam ser ultraprocessados e ricos em gorduras. As opções de adoçantes mais seguras durante essa fase da vida são sucralose, ecessulfame-K e aspartame. Portanto, deve-se evitar sacarina e ciclamato.
E por falar em açúcar, as bebidas adoçadas também devem ser evitadas ao máximo. E mesmo o suco natural contém uma grande concentração de frutose, o açúcar da fruta. Sempre é mais interessante consumir a fruta do que o suco. Já o consumo de proteínas, como peixe, frango, carne e ovos é importante para o desenvolvimento do bebê e para o controle da glicose no sangue. A gestante deve optar pelas preparações grelhadas, assadas ou cozidas.
Em relação às gorduras, consumir as boas também é importante, como o azeite de oliva e as castanhas. Mas esses alimentos são calóricos e precisam de cautela em caso de ganho excessivo de peso. As verduras são ricas em fibras e pobres em carboidratos, e necessitam ser ingeridas diariamente e em quantidades generosas. As folhas verde-escuras e o tomate são excelentes alimentos para os diabéticos.
Em suma, as refeições devem mesclar fontes de carboidratos, proteínas e gorduras, como por exemplo acrescentar laticínios, ovos e castanhas no café da manhã e lanches intermediários. Nas refeições principais, sempre incluir proteína e fontes de gorduras boas. Seguindo essas dicas, o diabetes gestacional pode ser tratado por meio da boa alimentação.
*Leticia Fuganti Campos é mestre pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, doutoranda em Clínica Cirúrgica pela Universidade Federal do Paraná, pós-graduada em Nutrição Clínica pelo GANEP e em Educação em Diabetes pela UNIP. Atual presidente do Comitê de Nutrição da Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (BRASPNE), membro do departamento de Nutrição da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e realizou Treinamento Avançado no Joslin Diabetes Center/ Harvard (EUA).