Infância com alimentação vegana: existem riscos?

Postado em 1 de novembro de 2022 | Autor: Redação Nutritotal Para Todos

Com certeza você já deve ter ouvido falar que ter uma alimentação vegetariana estrita (vegana) proporciona benefícios para a saúde dos adultos, mas quando se trata de crianças… gera dúvida, não é mesmo?! Vamos descobrir se essa alimentação pode ser segura ou não na infância.

É comum ter muitas dúvidas em relação à alimentação vegana, mas tranquilize-se, pois não existe nenhum nutriente na carne que seja encontrado exclusivamente nela e que seja fundamental para o nosso corpo. Todos os nutrientes presentes nas carnes e produtos de origem animal podem ser encontrados nos alimentos de origem vegetal.

Além de que, entidades de saúde internacionais, como a Academia de Nutrição e Dietética Americana, Sociedade canadense de pediatria, Sociedade Italiana de Nutrição Humana e o mais recente parecer do Conselho Federal de Nutricionistas afirmam que a prática do vegetarianismo na infância é segura, se bem planejada como qualquer outra alimentação.

Infância com alimentação vegana: existem riscos? | Imagem: shutterstock

Benefícios da alimentação vegana na infância

Ter uma alimentação vegana na infância promove benefícios para a criança como:
– Menor risco de desenvolver obesidade, diabetes mellitus tipo 2 e câncer;

– Nível de estresse menor quando comparada as crianças onívoras;

– Menor pressão sanguínea;

– Baixos níveis de marcadores inflamatórios;

– Maior quantidade de massa magra no corpo;

– Maior consumo de frutas e vegetais.

De forma simples, precisamos pensar que o prato da criança precisa ter todos os grupos alimentares: Cereais e Tubérculos, Leguminosas e Verduras e legumes.

A dica é: Prato colorido e com todos os grupos alimentares!

Cuidados da alimentação vegana para crianças

Como é um período que gera muita insegurança para os pais e responsáveis separei aqui alguns cuidados que precisamos ter na alimentação vegetariana estrita (vegana):

– Não substitua o leite materno por leite vegetal: Caso o aleitamento materno não for possível, busque usar as fórmulas industrializadas infantis que não sejam derivadas do leite de vaca. No mercado brasileiro, já é possível encontrar essas fórmulas.

– Amamentar exclusivamente até 6 meses de vida, quando possível. Caso contrário, usar fórmulas substitutas do leite materno industrializadas.

– Não adiar a introdução alimentar: A alimentação complementar ao leite materno deve ser iniciada no mesmo período de crianças onívoras, ou seja, a partir dos 6 meses de vida.

– Proporcione a adequada ingestão de gorduras de boa qualidade, como chia, linhaça e nozes. Evite o consumo de alimentos ultraprocessados, eles têm muita gordura saturada, àquela que deve ser evitada em excesso.

– Capriche no consumo dos cereais integrais, leguminosas e gorduras boas: Como dito anteriormente, a criança precisa de muita energia e podemos consegui-la através dos alimentos. As leguminosas, os cereais e as gorduras boas são os principais alimentos que proporcionam essa energia para a criança, então, atente-se sempre ao consumo deles.

– Não se esqueça da vitamina B12: A suplementação de vitamina B12, quase sempre, é necessária, visto que a deficiência ocorre inclusive em pessoas onívoras. Busque a orientação de um profissional da saúde para melhor adequar as quantidades que seu filho precisa.

– Atenção, que em cada período da infância, todas as crianças, onívoras ou vegetarianas, precisam da suplementação de outros nutrientes.

Fazer a adequação da alimentação das nossas crianças é cada vez mais necessário. E a alimentação vegetariana vem demonstrando benefícios não só para os adultos, mas também para todas as fases da vida.

* Tatiana Consoli é nutricionista especialista em vegetarianismo; professora; pós-graduada em nutrição materno-infantil na prática clínica e ortomolecular (Abranmi); mestre em ciências da nutrição, esporte e metabolismo (Unicamp); Nutricionista do Departamento de Medicina e Nutrição da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB). CRN-3/ 65269

Referências

Agnoli, C., et al., Position paper on vegetarian diets from the working group of the Italian Society of Human Nutrition. Nutr Metab Cardiovasc Dis, 2017. 27(12): p. 1037-1052.

Amit M., C.P.S., Community Paediatrics Committee, Vegetarian diets in children and adolescents. Paediatrics & Child Health, 2010. 15(5):p.303–314Brasil. CFN – Parecer Técnico 9/2022 – Alimentação Vegetariana na Atuação do Nutricionista. Brasília. CFN, 2022.

Cullum-Dugan, D. and R. Pawlak, Position of the academy of nutrition and dietetics: vegetarian diets. J Acad Nutr Diet, 2015. 115(5): p. 801-10.

Colunista

Tatiana Consoli

Nutricionista especialista em vegetarianismo; professora; pós-graduada em nutrição materno-infantil na prática clínica e ortomolecular (Abranmi); mestre em ciências da nutrição, esporte e metabolismo (Unicamp); Nutricionista do Departamento de Medicina e Nutrição da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB). CRN-3/ 65269

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