Com certeza você já deve ter ouvido falar que ter uma alimentação vegetariana estrita (vegana) proporciona benefícios para a saúde dos adultos, mas quando se trata de crianças… gera dúvida, não é mesmo?! Vamos descobrir se essa alimentação pode ser segura ou não na infância.
É comum ter muitas dúvidas em relação à alimentação vegana, mas tranquilize-se, pois não existe nenhum nutriente na carne que seja encontrado exclusivamente nela e que seja fundamental para o nosso corpo. Todos os nutrientes presentes nas carnes e produtos de origem animal podem ser encontrados nos alimentos de origem vegetal.
Além de que, entidades de saúde internacionais, como a Academia de Nutrição e Dietética Americana, Sociedade canadense de pediatria, Sociedade Italiana de Nutrição Humana e o mais recente parecer do Conselho Federal de Nutricionistas afirmam que a prática do vegetarianismo na infância é segura, se bem planejada como qualquer outra alimentação.
Benefícios da alimentação vegana na infância
Ter uma alimentação vegana na infância promove benefícios para a criança como:
– Menor risco de desenvolver obesidade, diabetes mellitus tipo 2 e câncer;
– Nível de estresse menor quando comparada as crianças onívoras;
– Menor pressão sanguínea;
– Baixos níveis de marcadores inflamatórios;
– Maior quantidade de massa magra no corpo;
– Maior consumo de frutas e vegetais.
De forma simples, precisamos pensar que o prato da criança precisa ter todos os grupos alimentares: Cereais e Tubérculos, Leguminosas e Verduras e legumes.
A dica é: Prato colorido e com todos os grupos alimentares!
Cuidados da alimentação vegana para crianças
Como é um período que gera muita insegurança para os pais e responsáveis separei aqui alguns cuidados que precisamos ter na alimentação vegetariana estrita (vegana):
– Não substitua o leite materno por leite vegetal: Caso o aleitamento materno não for possível, busque usar as fórmulas industrializadas infantis que não sejam derivadas do leite de vaca. No mercado brasileiro, já é possível encontrar essas fórmulas.
– Amamentar exclusivamente até 6 meses de vida, quando possível. Caso contrário, usar fórmulas substitutas do leite materno industrializadas.
– Não adiar a introdução alimentar: A alimentação complementar ao leite materno deve ser iniciada no mesmo período de crianças onívoras, ou seja, a partir dos 6 meses de vida.
– Proporcione a adequada ingestão de gorduras de boa qualidade, como chia, linhaça e nozes. Evite o consumo de alimentos ultraprocessados, eles têm muita gordura saturada, àquela que deve ser evitada em excesso.
– Capriche no consumo dos cereais integrais, leguminosas e gorduras boas: Como dito anteriormente, a criança precisa de muita energia e podemos consegui-la através dos alimentos. As leguminosas, os cereais e as gorduras boas são os principais alimentos que proporcionam essa energia para a criança, então, atente-se sempre ao consumo deles.
– Não se esqueça da vitamina B12: A suplementação de vitamina B12, quase sempre, é necessária, visto que a deficiência ocorre inclusive em pessoas onívoras. Busque a orientação de um profissional da saúde para melhor adequar as quantidades que seu filho precisa.
– Atenção, que em cada período da infância, todas as crianças, onívoras ou vegetarianas, precisam da suplementação de outros nutrientes.
Fazer a adequação da alimentação das nossas crianças é cada vez mais necessário. E a alimentação vegetariana vem demonstrando benefícios não só para os adultos, mas também para todas as fases da vida.
* Tatiana Consoli é nutricionista especialista em vegetarianismo; professora; pós-graduada em nutrição materno-infantil na prática clínica e ortomolecular (Abranmi); mestre em ciências da nutrição, esporte e metabolismo (Unicamp); Nutricionista do Departamento de Medicina e Nutrição da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB). CRN-3/ 65269
Referências
Agnoli, C., et al., Position paper on vegetarian diets from the working group of the Italian Society of Human Nutrition. Nutr Metab Cardiovasc Dis, 2017. 27(12): p. 1037-1052.
Amit M., C.P.S., Community Paediatrics Committee, Vegetarian diets in children and adolescents. Paediatrics & Child Health, 2010. 15(5):p.303–314Brasil. CFN – Parecer Técnico 9/2022 – Alimentação Vegetariana na Atuação do Nutricionista. Brasília. CFN, 2022.
Cullum-Dugan, D. and R. Pawlak, Position of the academy of nutrition and dietetics: vegetarian diets. J Acad Nutr Diet, 2015. 115(5): p. 801-10.
Colunista
Tatiana Consoli
Nutricionista especialista em vegetarianismo; professora; pós-graduada em nutrição materno-infantil na prática clínica e ortomolecular (Abranmi); mestre em ciências da nutrição, esporte e metabolismo (Unicamp); Nutricionista do Departamento de Medicina e Nutrição da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB). CRN-3/ 65269
Leia também
A Redação Nutritotal é formada por nutricionistas, médicos e estudantes de nutrição que têm a preocupação de produzir conteúdos atuais, baseados em evidência científicas, sempre com o objetivo de facilitar a prática clínica de profissionais da área da saúde.