A nutrologia vem evoluindo de forma exponencial nos últimos anos. A cada dia, novos conceitos são divulgados, enquanto outros sofrem ajustes ou são, até mesmo, descartados. O papel dos nutrientes na imunidade é um claro exemplo disso, na medida em que suas funções são esclarecidas e mais bem compreendidas.
Certos nutrientes são utilizados para modificar ou melhorar respostas imunológicas. Esse conceito é chamado de imunomodulação, e como se trata de nutrientes, atualmente emprega-se o termo imunonutrição (e os nutrientes em questão são denominados imunonutrientes). Existe uma lista crescente de nutrientes conhecidos como modificadores da resposta imunológica, e entre eles destaca-se a vitamina D.
Por dentro das vitaminas
Vitaminas são compostos orgânicos que o nosso organismo necessita em pequenas quantidades, mas que são indispensáveis e essenciais para o funcionamento do metabolismo, para o crescimento e como coadjuvantes no sistema imunológico. Como o nosso corpo é incapaz de sintetizar as vitaminas, precisamos obtê-las por meio da alimentação. Por isso, todos os indivíduos, incluindo as crianças, devem ter uma dieta rica em alimentos que sejam fontes de vitaminas.
As vitaminas podem ser divididas em hidrossolúveis e lipossolúveis, de acordo com a sua solubilidade em água ou em lipídeos, respectivamente. Entenda as diferenças:
Vitaminas hidrossolúveis
São aquelas do complexo B e a vitamina C. Elas têm a capacidade de se dissolver em água e são menos estáveis que as lipossolúveis.
Vitaminas lipossolúveis
São a A, D, E e K. Elas se caracterizam por serem mais estáveis e resistentes aos efeitos da oxidação, calor, luz, acidez e alcalinidade em relação às hidrossolúveis.
Mas por que a vitamina D é importante?
Vitamina D é o nome genérico da colecalciferol (vitamina D3) e ergocalciferol (vitamina D2), que são precursores de hormônios com importante papel na regulação do metabolismo de cálcio e fósforo. É por essa e outras funções que o nutriente é um aliado da saúde óssea.
Mas como é possível obtê-lo? A vitamina D é incorporada no nosso organismo por três fontes: ingestão alimentar, produção endógena dependente de raios UVB (ou seja, exposição solar) e suplementação da própria vitamina. Na raça humana, a principal forma de sintetizar a vitamina é por meio da exposição aos raios UVB. Contudo, mesmo que em menor parte, também podemos ter acesso ao nutriente pela alimentação.
As principais fontes alimentares de vitamina D são as carnes. Entre elas destacam-se o fígado de boi, peixes gordurosos (salmão, cavala, sardinha), óleo de fígado de bacalhau, frutos do mar (ostras e mariscos), ovos, leite e derivados (queijos, manteiga e iogurte) e alguns tipos de cogumelos (como o shiitake). Alguns alimentos também podem ser fortificados com vitamina D, como os produtos lácteos.
E em caso de suplementação?
Ela só deve ser feita com a indicação de um profissional de saúde, como um médico ou o nutricionista. Mas, de maneira geral, os profissionais se baseiam nos valores abaixo, referentes às doses de suplementação de vitamina D segundo a idade:
Idade | UI/dia | UL (UI/dia) |
0 – 6 meses | 400 | 1.000 |
7 – 12 meses | 400 | 1.500 |
1 – 3 anos | 600 | 2.500 |
4 – 8 anos | 600 | 3.000 |
9 – 18 anos | 600* | 4.000 |
A dosagem de 25-OH-vitamina D tem indicação na definição de estados de carência vitamínica, especialmente em crianças, idosos e portadores de osteoporose, assim como na definição diagnóstica de casos de intoxicação por vitamina D.
Valores de referência
- População saudável (até 60 anos): acima de 20 ng/mL
- Grupos de risco: 30 a 60 ng/mL
- Risco de toxicidade e hipercalcemia: acima de 100 ng/mL
São considerados grupos de risco em pediatria:
- Lactentes amamentados sem suplementação.
- Crianças com pele escura e necessidade de rigorosa fotoproteção.
- Pessoas obesas.
- Quando há má absorção de lipídeos.
- Pessoas com hepatopatias (doenças que afetam o fígado).
- Pessoas com insuficiência renal crônica.
- Crianças com raquitismo e/ou osteomalácia.
- Pessoas com hiperparatiroidismo.
- Pessoas com doenças inflamatórias e autoimunes.
- Pessoas que fazem uso de drogas (rifampicina, isoniazida, fenobarbital e fenitoína).
Quando falta
A deficiência de vitamina D altera o metabolismo do cálcio e fósforo, prejudicando o crescimento. Déficits mais graves ainda evoluem para doenças ósseas como osteomalácia e raquitismo. Por outro lado, também podem ocorrer quadros de toxicidade quando há excesso de suplementação. O paciente pode sentir náuseas, vômitos e hipercalcemia, que é o excesso de cálcio no sangue. Por isso lembre-se de só recorrer à suplementação com a orientação de um profissional de saúde.
Referências bibliográficas:
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