Qual a relação entre selênio e doenças crônicas?

Postado em 30 de outubro de 2015 | Autor: Alweyd Tesser

O selênio (Se) e as selenoproteínas têm papel fundamental em vias biológicas que sabidamente estão alteradas em doenças multifatoriais, como por exemplo, no estresse oxidativo, no metabolismo proteico e na sobrevivência celular. Embora estudos epidemiológicos indiquem que a baixa ingestão desse mineral está ligada ao aumento do risco para várias doenças crônicas, ensaios clínicos com suplementação têm gerado resultados controversos, o que sugere que fatores genéticos adicionais podem afetar a interação entre o selênio e saúde. 
 
Os riscos para várias doenças crônicas, em particular para o câncer, estão ligados a uma série de polimorfismos de nucleotídeo único (SNP) que alteram o metabolismo do Se e a síntese ou atividade de selenoproteínas. Estudos demonstram que interações entre SNPs nos genes das selenoproteínas e SNPs relacionados a vias moleculares e biomarcadores do status de Se modulam o risco genético atribuído por estes polimorfismos.
As consequências da deficiência de selênio, ainda não estão bem estabelecidas. Em áreas com extrema deficiência de selênio como na China e na Rússia Central foram observadas doenças do coração e doenças nas articulações. No entanto, ainda não está claro se estas doenças são causadas pela deficiência de selênio ou contribui para o agravamento destas doenças.
 
Alguns estudos permitem uma correlação entre níveis baixos de selênio e hipertensão, dislipidemia e o surgimento de aterosclerose. Além disso, há evidências de que uma deficiência de selênio pode afetar a fertilidade: as mulheres que sofreram abortos, no sangue mostraram níveis extremamente baixos deste mineral. Em homens com uma deficiência de selênio, a maturação e a mobilidade do espermatozoide pode ser prejudicada. 
 
Em conjunto, as abordagens de genômica nutricional descobriram a implicação potencial de algumas selenoproteínas, bem como a influência de interações complexas entre as variantes genéticas e status do Se na etiologia de diversas doenças crônicas.
 
Pesquisadores afirmam que ainda há a necessidade de avaliar em estudos futuros a contribuição combinada do status de Se, do estresse ambiental e de SNPs múltiplos ou individuais para o risco de desenvolvimento de doenças crônicas.

 

Bibliografia

Méplan C. Selenium and chronic diseases: a nutritional genomics perspective. Nutrients. 2015; 7(5):3621-51.

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