Qual é a recomendação de lipídios para pacientes em terapia nutricional enteral?

Postado em 22 de março de 2011 | Autor: Rita de Cássia Borges de Castro

De acordo com a American Heart Association (AHA), 2006, a recomendação da ingestão de lipídios totais para diminuição do risco de doença cardiovascular para a população sadia é < 30% do valor energético total (VET). Qualitativamente, os indivíduos devem ingerir < 7% de gordura saturada, < 1% de gordura trans e < 300 mg de colesterol por dia.  Além disso, deve-se promover a ingestão de 15 a 30 g de gordura monoinsaturada, devendo-se evitar especificamente manteigas, margarinas, gordura hidrogenada e óleos parcialmente hidrogenados, como também banha e óleo de palma.

Entretanto, indivíduos hospitalizados em terapia nutricional enteral geralmente necessitam de oferta lipídica especializada.

As recomendações específicas da ingestão de lipídios para pacientes em terapia nutricional enteral, de acordo com cada condição clínica, são apresentadas em diretrizes internacionais da ASPEN (American Society for Parenteral and Enteral Nutrition) e ESPEN (The European Society for Clinical Nutrition and Metabolism). As recomendações atuais de lipídios em nutrição enteral são impulsionadas principalmente pelo estado de doença e deve ser considerada no contexto da quantidade e os tipos de lipídios.

Um dos principais aspectos do fornecimento de lipídios na nutrição enteral é a oferta adequada de ácidos graxos essenciais (AGE), que são os ácidos graxos linoleico (ômega-6) e linolênico (ômega-3). Para a prevenção da deficiência de ácidos graxos essenciais, uma variedade de óleos vem sendo utilizada. De maneira geral, as dietas enterais utilizam óleos de soja, açafrão, milho ou girassol como fontes de ômega-6 e óleo de peixe, que além de conter ômega-6, é rico em ácidos graxos ômega-3, em especial, os ácidos eicosapentaenoico (EPA) e docosahexaenoico (DHA).

Os ácidos graxos não essenciais, como os monoinsaturados e os ácidos graxos de cadeia média (como fonte de ácidos graxos saturados), são importantes na composição da dieta enteral por possuírem propriedades benéficas durante a terapia nutricional. Os ácidos graxos de cadeia média são absorvidos no duodeno mais rapidamente do que os ácidos graxos de cadeia longa (AGCL), sendo utilizado especialmente no tratamento de doenças associadas à má digestão e/ou absorção, como cirrose biliar primária, doença de Crohn, fibrose cística, síndrome do intestino curto e linfangiectasia intestinal.

Os triglicerídeos de cadeia média (TCM) presentes em dietas enterais são extraídos industrialmente para melhor seleção dos ácidos graxos, enquanto que os ácidos graxos monoinsaturados geralmente são provenientes do óleo de oliva e canola.

As dietas enterais apresentam concentrações distintas de lipídios, variando de 1,5 g/L, em dietas elementares, até conteúdos maiores de 25% das calorias totais, em dietas poliméricas, aumentando à medida que se aumenta a densidade calórica da fórmula.

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Bibliografia

American Society for Parenteral and Enteral Nutrition. The A.S.P.E.N. Nutrition support core curriculum: a case-based approach—the adult patient. 2007. ISBN # 1-889622-08-7.

American Heart Association Nutrition Committee, et al. Diet and lifestyle recommendations revision 2006: a scientific statement from the American Heart Association Nutrition Committee. Circulation. 2006;114(1):82-96.

Torrinhas RSMM, Campos LN, Waitzberg DL. Gorduras In: Waitzberg DL. Nutrição Oral, Enteral e Parenteral na Prática Clínica. São Paulo: Atheneu. 2009. p 121-47.

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