Um elevado índice de massa corporal (IMC) pré-gestacional pode resultar em menor comprimento dos telômeros e afetar a idade biológica do recém-nascido, de acordo com resultados de um estudo publicado no BMC Medicine.
Martens e colegas mediram o comprimento dos telômeros no sangue do cordão umbilical (743 pares de mães e recém-nascidos) e tecido placentário (702 pares de mães e recém-nascidos) entre 2010 e 2015. O sangue do cordão umbilical e o DNA da placenta foram colhidos em até 10 minutos após o parto.
O peso pré-gestacional e peso no momento do parto foram coletados nos registros médicos. A média de idade materna foi de 29,1 anos, e a média de IMC pré-gestacional foi de 24,1 kg/m² (± 4,1 kg/m²).
Os pesquisadores descobriram que para cada aumento de quilograma por metro quadrado no IMC pré-gestacional, o comprimento dos telômeros no sangue do cordão era 0,50% menor (intervalo de confiança [IC] de 95%, -0,83% e -0,17%, p = 0,003) e o comprimento dos telômeros da placenta foi de 0,66% mais curto (IC 95%, -1,06% e -0,25%, p = 0,002).
Esta associação foi independente da idade dos pais ao nascer, escolaridade materna, tabagismo e complicações na gravidez, bem como sexo do recém-nascido, etnia ou peso ao nascer. Mães com maior IMC pré-gestacional também apresentaram mais complicações na gravidez, eram mais propensas a sofrer cesariana e os recém-nascidos dessas mães tinham peso ao nascer superior. Não houve associação observada entre o ganho de peso durante a gravidez e o comprimento dos telômeros.
“Esses resultados ilustram a importância de nossos achados para a saúde pública, uma vez que a perda dos telômeros em recém-nascidos de mães obesas podem aumentar o risco de doenças crônicas na idade adulta”, concluem os autores.
“Recém-nascidos de mães obesas eram, biologicamente, cerca de 12 a 17 anos mais velhos do que os recém-nascidos de mães com peso normal com base na equivalência telomérica na idade adulta”, afirmam.
Os pesquisadores reconhecem limitações do estudo, tais como a falta de informações sobre o IMC paterno e seus possíveis efeitos sobre o desenvolvimento fetal, bem como a variabilidade do ensaio de polimerase em cadeia para determinar o comprimento dos telômeros. Os autores enfatizam, no entanto, que seus achados lançam luz sobre os efeitos do IMC materno pré-gestacional sobre a próxima geração e adicionam ao crescente corpo de evidências o impacto do IMC materno na programação fetal.
Referência(s)
Martens DS, Plusquin M, Gyselaers W, De Vivo I, Nawrot TS. Maternal pre-pregnancy body mass index and newborn telomere length. BMC Med. 2016; 14(1):148.