Um estudo publicado na revista Gut demonstrou que o alto consumo de gêneros alimentícios consistentes com os consumidos na dieta mediterrânea estão associados com perfis metabolômicos benéficos relacionados com o microbioma intestinal.
Foram recrutados para o estudo 153 indivíduos adeptos de dietas onívora, vegetariana e vegana (vegetariana restrita). Os participantes foram orientados a registrar e pesar a ingestão de alimentos durante 7 dias, e colher amostras de fezes e urina.
Os resultados demonstraram associações significativas entre o consumo de dietas à base de vegetais e aumento dos níveis de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) nas fezes. Além disso, o filo Bacteroidetes foi mais abundante em vegetarianos e veganos, em comparação com onívoros (p <0,05), e a maioria dos onívoros apresentaram uma razão maior entre Firmicutes e Bacteroidetes (F/B).
Os níveis fecais dos AGCC butirato, ácido acético e ácido propanóico foram significativamente correlacionados com consumo de frutas, vegetais e leguminosas (p <0,05), bem como o consumo de fibras totais (p <0,001). Os indivíduos com padrões alimentares mais consistentes com a dieta mediterrânea, também apresentaram altos níveis de butirato, ácido acético e ácido propanoico.
Os autores afirmam que as bactérias do filo Firmicutes são capazes de extrair mais calorias dos alimentos, aumentando assim a absorção calórica e o risco de obesidade. Por outro lado, as do filo Bacteroidetes, são capazes de transformar amidos vegetais e fibras em AGCC. O consumo de alimentos ricos em fibras é capaz de melhorar a proporção F/B. Os AGCC, especificamente o butirato é fonte de combustível predominante para os enterócitos, além de ser considerado anti-inflamatório e anti-cancerígeno.
Os resultados demonstraram também que, em comparação com onívoros, os vegetarianos e veganos e aqueles com dieta semelhante à mediterrânea, tinham níveis significativamente mais baixos de n-óxido de trimetilamina (TMAO) (p <0,0001). Os autores explicam que altos níveis sanguíneos de TMAO são um fator de risco emergente para doenças cardiovasculares devido à promoção da aterosclerose.
“Este estudo demonstrou uma forte ligação entre um padrão alimentar mediterrâneo e níveis de AGCC benéficos. Além disso, demonstrou que os vegetarianos, veganos, e aqueles com hábitos alimentares mais consistentes com os da dieta mediterrânea, apresentaram os mais baixos níveis de TMAO”, concluem os autores. “Estes dados suportam a recomendação clínica de dietas com alimentos à base de vegetais ricos em fibras integrais”, afirmam.
Referência (s)
De Filippis F, Pellegrini N, Vannini L, Jeffery IB, La Storia A, Laghi L, et al. High-level adherence to a Mediterranean diet beneficially impacts the gut microbiota and associated metabolome. Gut. 2015 [Epub ahead of print].