Um estudo publicado na revista British Journal of Nutrition concluiu que é improvável que o consumo de produtos sem glúten confira benefícios à saúde, a menos que haja clara evidência doença celíaca, intolerância ou alergia ao glúten.
Conduzido por Wu e colaboradores, o estudo avaliou a qualidade nutricional de alimentos com e sem glúten em grupos de alimentos básicos e em uma vasta gama de produtos considerados supérfluos em supermercados da Austrália. Informações nutricionais dos rótulos foram sistematicamente obtidas de todos os alimentos embalados em quatro grandes supermercados em Sidney, Austrália, em 2013. Os produtos alimentares foram classificados como livre de glúten (GF) se uma declaração aparecia em qualquer parte da embalagem do produto; ou em alimento com glúten se eles continham glúten, trigo, centeio, triticale, cevada, aveia ou trigo vermelho.
O desfecho primário foi o ‘Health Star Rating’ (HSR: escore mais baixo 0,5 estrelas; escore ótimo 5 estrelas), um esquema de perfil de nutrientes aprovado pelo governo Australiano. Diferenças no conteúdo de nutrientes individuais foram exploradas em análises secundárias.
Um total de 3213 produtos entre 10 categorias de alimentos foi incluído. Em média, a massa seca simples de produtos GF pontuou aproximadamente 0,5 menos estrelas (p<0,001) comparada com produtos que continham glúten. Entretanto, não houve diferenças significativas no HSR médio para pães ou cereais matinais prontos para o consumo (p 0,42 para ambos).
Em comparação aos produtos que continham glúten, os produtos GF tiveram médias consistentemente mais baixas de proteína entre todos os três grupos de produtos alimentares, em particular para massa e pães (52 e 32% menos, p<0,001 para ambos).
Uma proporção substancial de alimentos da categoria de “supérfluos” tinha rótulos GF (ex: 87% das carnes processadas) e o HSR médio de alimentos supérfluos GF não foi superior àqueles dos produtos que continham glúten.
“Há a probabilidade de que a rotulagem de GF vem sendo utilizada para inferir um conceito injustificado de saúde para itens discricionários. Dados os efeitos adversos para a saúde causados por dietas deficientes na Austrália e em outras partes do mundo, iniciativas políticas devem visar o aumento do consumo de alimentos básicos tais como grãos integrais, frutas e legumes e a redução no consumo de alimentos discricionários (GF ou de outra forma) como uma prioridade de saúde pública”, afirmam os autores.
Referência (s)
Wu JH, Neal B, Trevena H, Crino M, Stuart-Smith W, Faulkner-Hogg K, et al. Are gluten-free foods healthier than non-gluten-free foods? An evaluation of supermarket products in Australia. Br J Nutr. 2015 [Epub ahead of print]