Um estudo publicado no The American Journal of Clinical Nutrition demonstrou que a ingestão adequada de proteínas por via enteral foi inversamente associada com mortalidade em crianças gravemente doentes.
Trata-se de um estudo tipo coorte, prospectivo e multicêntrico, que incluiu 59 unidades de terapia intensiva pediátricas (UTIP) de 15 países. Foram selecionadas 1.245 crianças com idade média de 1,7 anos, que foram mecanicamente ventiladas por mais de 48 h. Os pesquisadores registraram a prescrição e a oferta de energia e proteína durante 10 dias de permanência na UTIP, e avaliaram a associação da adequação da oferta de proteína com mortalidade em 60 dias. A adequação da oferta de proteína foi calculada a partir da fórmula (ofertado Imageprescrito X 100).
Um total de 985 crianças estava sob terapia nutricional enteral (TNE). A média da prescrição de energia foi de 69 ± 28 kcal/kg por dia e da prescrição de proteína foi de 1,9 ± 0,7 g/kg por dia. Com base nas recomendações da ASPEN (Associação Americana de Nutrição Enteral e Parenteral) para a ingestão diária de proteína de acordo com a idade, a prescrição de proteína foi subestimada em 466 sujeitos (37%) do estudo. A média de ingestão real de proteína foi de 0,66 g/kg por dia, valor significativamente menor do que o recomendado pela ASPEN de 1,7 g/kg por dia (p < 0,001). Em média, a diferença entre a recomendação e a oferta de proteína foi de aproximadamente 1g/kg por dia.
Na análise multivariada, após o ajuste para local da UTIP, dias em TNE, tempo de permanência na UTIP e a gravidade da doença, houve uma associação significativa entre a adequação da ingestão de proteína por via enteral e mortalidade em 60 dias (p < 0,001). A adequação da ingestão de energia enteral não foi associada com mortalidade (p = 0,16).
Os autores concluem que as adequações de energia e ingestão de proteínas durante a primeira semana da doença continuam assustadoramente baixos em crianças mecanicamente ventilado UTIP em todo o mundo. Mas a adequação da ingestão de proteína por via enteral foi significativamente associada com a mortalidade. “A ingestão de proteína na UTIP pode ser otimizada com início precoce da NE, diminuição da duração da terapia de nutrição parenteral e a presença de um nutricionista dedicado nas UTIP”, afirmam.
Referência (s)
Mehta NM, Bechard LJ, Zurakowski D, Duggan CP, Heyland DK. Adequate enteral protein intake is inversely associated with 60-d mortality in critically ill children: a multicenter, prospective, cohort study. Am J Clin Nutr. 2015 [Epub ahead of print]