Um estudo publicado no New England Journal of Medicine demonstrou que uma estratégia de alimentação enteral que restringe calorias não proteicas, mas preserva a ingestão de proteína, não foi associada com menor mortalidade de pacientes críticos quando comparada com uma dieta padrão, com quantidade total de calorias.
Estudos observacionais vêm demonstrando informações conflitantes sobre se a ingestão calórica total reduz a desnutrição e perda de massa magra em pacientes críticos, e, segundo os autores, esse conflito de informações gerou o interesse para esse estudo, que é multicêntrico.
Para avaliar os benefícios potenciais da dieta enteral hipocalórica, os pesquisadores compararam duas estratégias de terapia nutricional: subalimentação permissiva, que consistia em 40% a 60% das necessidades energéticas totais (NET) dos pacientes; e alimentação padrão, que consistia em 70% a 100% do NET. Ambos os grupos receberam a mesma quantidade de proteína.
Participaram do estudo 894 adultos em estado crítico de sete unidades de terapia intensiva (UTI) no Canadá e na Arábia Saudita, que foram randomicamente divididos entre os dois grupos e acompanhados durante 14 dias.
A média de ingestão calórica durante o período de intervenção foi de 46±14% do NET no grupo subalimentação e de 71±22% do NET no grupo padrão (p<0,001). A ingestão de proteína e as fórmulas enterais utilizadas não diferiram significativamente entre os dois grupos. Os pacientes do grupo-subalimentação permissiva apresentaram níveis inferiores de glicose e menor necessidade de insulina.
Os resultados demonstram que não houve diferença na mortalidade em 90 dias entre os grupos subalimentação e padrão (27,2% e 28,9%, respectivamente; p = 0,58). Além disso, a frequência de necessidade de terapias de substituição renal foi menor no grupo subalimentação do que no grupo padrão (7,2% e 2,4%, respectivamente. p=0,01).
Os autores concluem que uma estratégia de alimentação enteral que fornece uma quantidade moderada de calorias e adequada de proteínas para adultos críticos não foi associada com menor mortalidade do que uma estratégia que proporciona quantidade total de calorias.
Referência (s)
Arabi YM, Aldawood AS, Haddad SH, Al-Dorzi HM, Tamim HM, Jones G, Mehta S, et al. Permissive Underfeeding or Standard Enteral Feeding in Critically Ill Adults. N Engl J Med. 2015 [Epub ahead of print]