Quase metade dos participantes residentes em casas de repouso apresentaram sintomas de depressão e 2,3% estavam desnutridos
Estudo transversal teve como objetivo avaliar se o estilo de vida de idoso que vivem em casas de repouso (NH) causa diferenças no risco de desnutrição em comparação à idosos que vivem na comunidade.
Foram analisados 2306 idosos com 65 anos ou mais escolhidos aleatoriamente dentro da comunidade (1120) e de diferentes casas de repouso da região de Portugal (1186). Nutricionistas em uma consulta presencial coletaram dados antropométricos, e informações demográficas, socioeconômicas, sobre morbidade e saúde auto referidas (doença cardíaca, diabetes mellitus tipo 2, hipertensão, dislipidemia, gastrointestinal, doença, artrite, osteoporose), prática de atividade física (IPAQ), dieta habitual, realizaram avaliação nutricional (MAN®), de função cognitiva (MEEM – Mini Exame do Estado Mental), e avaliaram sintomas de depressão (Escala de Depressão Geriátrica – GDS-15) e sentimentos de solidão.
Segundo o MEEM, 48,7% dos idosos residentes em casa de repouso foram considerados capazes de completar a entrevista e não cognitivamente prejudicados contra 82,9% dos idosos que vivam na comunidade Portuguesa. Em relação ao estado de saúde dos participantes, 66% (NH) contra 72% dos moradores da comunidade relataram ter pelo menos uma doença que exigia maiores cuidados, 60,6% (NH) tinham hipertensão contra 63,4% da comunidade e 40,7% (NH) classificaram o seu estado geral de saúde como “ruim ou muito ruim” contra 23,7% dos moradores da comunidade.
Nível baixo de atividade física foi encontrado em 75,2% dos idosos de casas de repouso e em 41,4% dos idosos da comunidade. O grau de dependência foi de 83,7% e 30,8%, dos NH e moradores da comunidade, respectivamente, e quase metade do grupo NH (48,8%) apresentou escore significativo na escala GDS-15 com sintomas de depressão e 38,8% apresentaram sentimentos de solidão, já os moradores da comunidade apresentaram 22,3% e 11,8% de pontuação nesses scores, respectivamente.
A classificação de desnutrição foi separada entre os grupos de função cognitiva comprometida e função cognitiva normal. Entre os residentes de casas de repouso, 29,6% tinham comprometimento da função cognitiva e 2,3% estavam desnutridos. No grupo residente na comunidade, 14,1% tinham comprometimento cognitivo e 0,3% estavam desnutridos. O risco de desnutrição foi relativamente maior entre as mulheres (NH: 33,0%, Comunidade: 18,1%) em comparação aos homens (NH: 21,8%, P = 0.009; Comunidade: 10,3%, P = 0.001).
Os autores concluíram que os idosos residentes em casas de repouso tiveram risco significativamente maior de risco de desnutrição ou desnutrição. Fatores associados de grande relevância como renda mediana (P= 2.58), estado geral de saúde auto referido entre “ruim e muito ruim” (P= 3.54) e sintomas de depressão (P=4.94) tiveram mais impacto sob o resultado do estado nutricional do que o local de residência dos idosos.
Referência:
Teresa Madeira , Catarina Peixoto-Placido , Nuno Sousa-Santos , Osvaldo Santos , Joana Costa , Violeta Alarcao, Paulo Jorge Nicola , Milton Severo , Carla Lopes , Joao Gorjao Clara , The association between living setting and malnutrition among older adults: the PEN-3S study, Nutrition (2019)
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