Calcular o volume de dieta enteral é mais simples do que parece
Pacientes em terapia de nutrição enteral (TNE) devem receber um volume de dieta que atenda às necessidades energéticas dos pacientes. Mas nem sempre é simples ajustar o volume de dieta que o paciente receberá por horário. Pensando em te ajudar nesse processo, criamos um passo a passo para calcular o volume de dieta enteral a ser administrado por horário.
- Determine a necessidade energética total do paciente;
- Escolha se a dieta oferecida será normocalórica ou hipercalórica (densidade energética da fórmula enteral);
- Calcule o volume total da dieta enteral para que se obtenha o valor energético proposto. Para isso, basta dividir o valor energético total pela densidade energética da fórmula enteral. Por exemplo: se o valor calórico total é de 1200 Kcal e a fórmula tem densidade calórica de 1,0 Kcal/ml, basta dividirmos 1200 por 1 e obter o resultado de 1200, ou seja, serão necessários 1200 ml para ofertar as 1200 calorias ao paciente.
- Determine se a dieta será oferecida pelo método intermitente ou contínuo;
- No caso da alimentação intermitente, a administração da dieta deve ser iniciada com um volume baixo (60 ml a 100 ml) até atingir a concentração total diária, dividindo-se o volume total por 6 a 8 infusões (a cada 3 ou 4 horas, por exemplo), dependendo da aceitação e necessidade do paciente. Exemplo: o paciente receberá a dieta 7 vezes ao dia, no primeiro dia, será ofertado 60ml por horário, totalizando 420ml no final do dia; no segundo dia receberá 70 ml por horário, totalizando 490ml no dia, e assim por diante até que se atinja os 1200ml que o paciente precisa receber por dia;
- Quando a infusão for contínua, deve-se iniciar a administração da dieta com 10 ml/hora a 40 ml/hora, com aumento de 10 ml a 20 ml a cada 8 a 12 horas, conforme tolerância do paciente. Assim, se no primeiro dia forem oferecidos 20ml por hora e o paciente receber dieta por 20h, serão oferecidos 400ml da dieta em 1 dia.
Percebe-se que podem ser necessários alguns dias para que o paciente receba o total de energia necessário a sua recuperação, portanto, o quando antes for iniciada a TNE, melhor.
A TNE deve fornecer no mínimo 50% a 65% das necessidades energéticas do paciente, durante a primeira semana de hospitalização, para que se possa obter os benefícios clínicos. Estudos revelam que esta quantidade é necessária para prevenir aumento da permeabilidade intestinal em pacientes com transplante de medula óssea, promover o rápido retorno das funções cognitivas em pacientes com injúrias de cabeça e para melhorar os resultados da modulação imune em pacientes críticos.
Se o fornecimento de 100% das necessidades calóricas não puder ser atingido dentro de 7 a 10 dias por meio da NE, a complementação com nutrição parenteral pode ser considerada. Entretanto, isto aumentaria os custos hospitalares e não necessariamente reflete benefícios adicionais ao paciente, já que é a TNE a responsável por manter a integridade intestinal, reduzir o estresse oxidativo e modular a imunidade sistêmica.
Referências:
CUPPARI, Lilian. Guia de Nutrição Clínica no adulto. 3ed. Barueri, SP: Manole, 2014.
WAITZBERG, Dan L. Nutrição Oral, Enteral e Parenteral na prática clínica. 5.ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2017.