Pesquisadores norte-americanos publicaram na revista científica JAMA (Journal of the American Medical Association) um estudo que determinou a eficácia da perda de peso através de intervenções intensivas na dieta e atividade física. Os resultados obtidos permitem concluir que a intervenção na dieta combinada com atividade física inicial ou tardia resulta na perda de peso significativa, além de mudanças favoráveis nos fatores de risco cardiometabólicos em indivíduos com obesidade grave.
O tratamento não cirúrgico de indivíduos obesos, especialmente em relação às mudanças do estilo de vida, é muitas vezes ineficaz por dificuldade de adesão das mudanças propostas. Com isso, o objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos de uma intervenção intensiva do estilo de vida sobre a perda de peso em adultos com obesidade grave.
Trata-se de um ensaio clínico randomizado e cego, realizado entre 2007 a 2010 na Universidade de Pittsburgh. Foram recrutados 130 indivíduos com idades entre 30 a 55 anos e apresentando obesidade grave. Esta classificação foi definida através do índice de massa corporal entre 35 e 39,9 kg/m2 para a obesidade grau II e ≥40 kg/m2 para a obesidade grau III.
Os participantes foram divididos em: grupo 1 (atividade física inicial), que recebeu intervenções na dieta e atividade física durante os 12 meses de estudo, e grupo 2 (atividade física com atraso) teve a mesma intervenção da dieta do grupo 1, entretanto, teve início da atividade física apenas seis meses após o início da intervenção.
A dieta dos pacientes envolvidos no estudo foi ajustada para fornecer um aporte energético reduzido, que variou de 1200 a 2100 kcal/dia, com base no peso corporal inicial. Os macronutrientes foram distribuídos de modo a ofertar 20% a 30% de lipídios, 50% a 55% de carboidratos e 20% a 25% de proteína. A atividade física prescrita teve nível moderado, com caminhadas de 60 minutos, cinco dias por semana.
Dos 130 participantes randomizados, 101 (78%) completaram os 12 meses de avaliações. Embora ambos os grupos tenham perdido quantidades significativas de peso em seis meses, o grupo 1 perdeu mais peso (média de 10,9 kg) em comparação com o grupo 2 (média de 8,2 kg, p = 0,02). Entretanto, a perda de peso ao final dos 12 meses, foi semelhante nos dois grupos. Também foi observada redução na circunferência da cintura, gordura abdominal, gordura hepática, pressão arterial e resistência à insulina em ambos os grupos.
“Nossos resultados indicam que esta abordagem não-cirúrgica pode ser eficaz no tratamento da obesidade grave. Fica evidente que a atividade física deve ser incorporada no início de qualquer abordagem de restrição alimentar, para induzir perda de peso, além de reduzir a esteatose hepática e gordura abdominal. Estudos adicionais são necessários para determinar a eficácia em longo prazo e o custo-efetividade de tais abordagens”, concluem os autores.
Referência (s)
Goodpaster BH, Delany JP, Otto AD, Kuller L, Vockley J, South-Paul JE, et al. Effects of diet and physical activity interventions on weight loss and cardiometabolic risk factors in severely obese adults: a randomized trial. JAMA. 2010;304(16):1795-802.