O consumo de peixe e de ácidos graxos ômega-3 não reduziu o risco de doença cardiovascular importante entre mulheres saudáveis no período após a menopausa, em uma análise da coorte Women’s Health Study, publicada no periódico American Journal of Preventive Medicine.
Os pesquisadores examinaram dados prospectivos de 39.876 mulheres saudáveis com idade acima dos 45 anos que participaram do Women’s Health Study entre 1993 e 2014. As participantes preencheram no início do estudo um questionário semiquantitativo validado de frequência alimentar com 131 itens.
Foram registrados 1.941 casos incidentes de doença cardiovascular importante. As mulheres que consumiram atum e peixes de carne escura (cavalinha, salmão, sardinha, anchova e peixe-espada) menos de uma vez por mês tiveram o mesmo risco elevado de doença cardiovascular que as mulheres consumiram este tipo de peixe de uma a três vezes por mês (razão de risco [RR] 1,04, intervalo de confiança [IC]de 95%, 0,91% a 1,19%), uma vez por semana (RR 1,00; IC de 95%, 0,87% a 1,15%) ou mais do que uma vez por semana (RR 1,00; IC de 95%, 0,86% a 1,16%), após ajuste multivariado integral (P da tendência = 0,78).
Não foi identificada nenhuma associação estatisticamente significativa entre a ingestão ajustada em termos de energia de ácido alfa-linolênico (P da tendência = 0,64) ou de ácidos graxos ômega-3 de origem marinha (P da tendência = 0,87) e o risco de doença cardiovascular importante entre os quintis de ingestão em modelos multivariados.
“Avaliamos a ocorrência de infarto do miocárdio, acidente vascular encefálico isquêmico, acidente vascular encefálico geral e mortalidade cardiovascular como quatro desfechos diferentes e, mesmo assim, de modo geral não observamos nenhuma associação significativa”, relatam os autores.
No entanto, os pesquisadores observaram que o questionário nutricional utilizado foi validado, mas que a avaliação dietética inicial isolada não permitiu capturar dados sobre a ingestão cumulativa ou as modificações da dieta durante o longo período de acompanhamento, fazendo com que os dados estivessem sujeitos a erros aleatórios decorrentes do relato espontâneo ou que as verdadeiras associações fossem subestimadas. “Isto pode constituir um imenso viés”, afirmam.
“No futuro, seria importante ver como e em que medida esses efeitos biológicos do ômega-3 são influenciados por vários fatores clínicos e quais repercussões isso teria na implementação de intervenções para mulheres saudáveis”, acrescentam.
Referência (s)
Rhee JJ, Kim E, Buring JE, Kurth T. Fish Consumption, Omega-3 Fatty Acids, and Risk of Cardiovascular Disease. Am J Prev Med. 2016. [Epub ahead of print]