Estudo identifica barreiras para o controle de déficit energético-proteico em pacientes oncológicos

Postado em 11 de março de 2016 | Autor: Alweyd Tesser

Um estudo conduzido por pesquisadores brasileiros demonstrou que as principais barreiras no controle do déficit energético-proteico em pacientes oncológicos críticos, sob ventilação mecânica e em risco nutricional foram extubação (retirada do tubo utilizado para ventilação mecânica) e instabilidade hemodinâmica.
 
Os benefícios da prescrição de terapia nutricional enteral (TNE) somente podem ser alcançados se houver um controle sistemático do déficit energético-proteico. Além disso, é necessário identificar as principais barreiras que impactam negativamente o déficit de energia em pacientes em unidades de terapia intensiva (UTI), e que podem ocasionar a pausa da TNE. 
 
Diante desse cenário, Oliveira-Filho e colaboradores conduziram um estudo prospectivo, observacional, descritivo no qual foram avaliados 62 pacientes adultos sob ventilação mecânica (VM) e em TNE a mais de 72 horas. Os dados coletados foram pontuação NUTRIC (Nutrition Risk in Critically ill), avaliação subjetiva global (SGA), síndrome de caquexia, tempo de internação na UTI, tempos em VM e TNE e foram avaliadas as principais barreiras para controlar o déficit energético-proteico.
 
A pontuação NUTRIC é uma nova ferramenta para triagem nutricional, que foi projetada para quantificar o risco de pacientes críticos no desenvolvimento de eventos adversos que podem ser modificados pela terapia nutricional agressiva. A pontuação varia de 1-10, onde a pontuação de 6-10 está associada com piores desfechos clínicos (mortalidade e ventilação). Além disso, esses pacientes são os mais suscetíveis a se beneficiarem de terapia nutricional agressiva. Pacientes com pontuação de 0 a 5 apresentam baixo risco para desnutrição.
 
Do total de 62 pacientes, 22 foram excluídos, 40 foram analisados, dos quais 65% tinham idade ≥ 60 anos e 52% eram do sexo masculino. A média de permanência na UTI foi de 8,5 dias (± 2,8), a média de VM foi de 8 dias (± 2,8), a média de TNE foi de 7 dias e a taxa de mortalidade foi de 52,5%.
 
Em relação ao estado nutricional, todos os pacientes apresentavam risco nutricional na admissão da UTI de acordo com a pontuação NUTRIC: 7 (± 0,7) e 47% dos pacientes apresentavam desnutrição moderada e grave de acordo com SGA. Além disso, 70% dos pacientes apresentaram síndrome de caquexia.
 
A TNE foi prescrita 31,7 horas (± 19,7) após a admissão na UTI, com início precoce em 77,5% dos pacientes. A meta nutricional foi alcançada em 61,2 horas (± 30,1). Os pesquisadores encontraram uma adequação infundido/prescrito de 92% para calorias, 91,9% para proteínas e 89,1% para o volume. Em todos os pacientes analisados, foi observado déficit de -296 calorias (± 339) e -28 g/proteína.
 
No total, as principais barreiras para controlar o déficit energético-protéico encontradas foram extubação (38%), instabilidade hemodinâmica (29%), traqueostomia, diarreia e vómitos, todos 6,5%.
“No presente estudo, verificou-se que 47% da amostra apresentava algum grau de desnutrição. As principais barreiras no controle do déficit energético-proteico em pacientes oncológicos críticos em risco nutricional na sob VM foram extubação e instabilidade hemodinâmica”, concluem os autores.
Referência (s)

Oliveira-Filho RS, Tamburrino AC, Trevisani VS, Rosa VM. Main Barriers in Control of Energy-Protein Deficit in Critical Oncologic Patient at Nutritional Risk. J Integr Oncol. 2016; 5:156.

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