A falta de atividade física provocada pelo isolamento social foi um dos fatores relacionados ao pior bem-estar dos jovens
A pandemia de COVID-19 mudou drasticamente a vida de muitas pessoas. Algumas perderam seus empregos, outras tiveram que se acostumar à rotina do home office e outras tiveram que aprender a fazer tudo que fosse possível dentro de casa, como as atividades físicas. É evidente que as mudanças nos hábitos e rotinas impactam na saúde e com os adolescentes não seria diferente. Por isso, um estudo realizado na Grécia com 950 indivíduos, dessa faixa etária, buscou examinar os níveis de bem-estar e humor e as suas relações com a atividade física e comportamentos alimentares desse grupo.
Os jovens participantes desse estudo tinham entre 12 e 17 anos, estavam cursando o ensino secundário da Grécia e responderam a um questionário online, aprovado pelos pais e responsáveis. Os dados dessa pesquisa foram coletados entre janeiro e fevereiro de 2021, período do segundo bloqueio social, quando as aulas eram feitas online e as atividades esportivas interrompidas.
Sobre a atividade física, questionou-se a frequência, a duração e o modo da atividade (leve, moderado ou vigoroso), além do tempo sedentário por dia. Em relação ao humor, vinte adjetivos foram apresentados para que os participantes dessem uma nota de 1 a 5 para cada adjetivo de acordo com os últimos 7 dias, sendo que a nota 1 significava “nada” e a 5, “muito”.
Para o bem-estar psicológico, utilizou-se o índice de bem-estar da Organização Mundial da Saúde, uma escala composta por cinco questões que enfocam a qualidade de vida subjetiva baseada no humor positivo, vitalidade e interesse geral, nesse tópico, os participantes também respondiam com notas, sendo de 0 a 5 (0 = em nenhum momento, 5 = o tempo todo). Por fim, explicou-se brevemente o que é uma alimentação saudável e pediu-se que fossem dadas notas de 1 a 7 (1 = definitivamente não, 7 = definitivamente sim) para as seguintes questões: (a) se eles estavam seguindo uma dieta saudável, (b) se eles estavam comendo mais do que o normal, (c) se eles estavam comendo em um horário consistente, e (d) se eles estavam comendo descontroladamente.
Como resultado, notou-se que os participantes apresentaram baixo bem-estar, níveis insuficientes de atividade física e escores moderados de comportamento alimentar saudável. Além disso, o aumento da atividade física e o comportamento alimentar mais saudável predisseram melhor bem-estar, enquanto o sedentarismo predisse pior bem-estar. Foi revelado também que dias de atividade física por semana predizem melhor bem-estar do que minutos de atividade física por semana, e que tanto a atividade física interna quanto a externa foram benéficas.
Segundo esses resultados, os pesquisadores indicam a necessidade de atenção ao risco de desenvolver depressão. Além disso, a pesquisa recomenda o incentivo à melhoria dos hábitos alimentares saudáveis, bem como a prática de atividade física para a qualidade de vida desses jovens.
Referência
Morres ID, Galanis E, Hatzigeorgiadis A, Androutsos O, Theodorakis Y. Physical Activity, Sedentariness, Eating Behaviour and Well-Being during a COVID-19 Lockdown Period in Greek Adolescents. Nutrients. 2021; 13(5):1449. https://doi.org/10.3390/nu13051449
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