Influência do Estado nutricional na sobrevida de pacientes com câncer pancreático

Postado em 17 de junho de 2019 | Autor: Marcella Gava

Estado nutricional de pacientes pode predizer desfecho assim como marcadores laboratoriais

Park e colaboradores investigaram a associação entre estado nutricional de pacientes coreanos com câncer pancreático avançado e sobrevida global (SG). Para isso, foi realizado um estudo retrospectivo com 412 pacientes com câncer pancreático metastático, sendo coletados dados antropométricos e bioquímicos do prontuário destes pacientes. A avaliação nutricional foi realizada através da NRS 2002.

Dos pacientes avaliados, na internação 47,1% não apresentavam risco nutricional, 19,7% apresentavam risco nutricional moderado e 33,3% alto risco nutricional. Neste momento, os grupos de risco moderado e alto apresentaram maior média de idade e menor IMC que o grupo sem risco (p<0,001 para ambos). Os grupos moderado e sem risco apresentaram maiores níveis de albumina e proteína que o grupo alto risco (p<0,001). O grupo alto risco também apresentou PCR maior que o grupo sem risco (p<0,01). A contagem e percentual de linfócitos foram maiores no grupo sem risco enquanto o CA 19-9 foi maior nos grupos moderado e alto risco. Uma maior porcentagem de linfócitos (HR 0,96), de linfócitos/1000 (HR 0,64), maior nível de albumina (HR 0,598) e maior IMC (HR 0,935) foram associados a maior SG. Enquanto isso, maior escore da NRS 2002 (HR 1,5), alto nível de PCR (HR 1,0), valores aumentados de glóbulos brancos e neutrófilos (HR 1,1 e 1,124, respectivamente), níveis aumentados de ureia (HR 1,021), maior idade (HR 1,016), maior nível de CEA (HR 1,0), quimio e radioterapia concomitantes (HR 1,852) e quimioterapia (HR 1,740) foram preditores de menor sobrevida. Após analise de regressão multivariada, o escore NRS 2002 foi o melhor fator preditivo para menor sobrevida global (HR 1,238) e a porcentagem de linfócitos para melhor sobrevida global (HR 0,973). A PCR, o antígeno carcinoembrionico e o CA-19 foram preditores significantes para menor sobrevida global. A média de sobrevida para estes pacientes foi de 8,3 meses, sendo que pela avaliação de risco nutricional inicial através da NRS 2002, o grupo sem risco apresentou sobrevida média de 12,3 meses, o grupo risco moderado de 6,5 e o grupo alto risco 5,5 meses.

Os autores concluíram que a sobrevida global de pacientes com câncer pancreático avançado foi associada fortemente ao seu estado nutricional na internação. Assim, uma melhora do estado nutricional destes pacientes logo após a internação pode ser fundamental para uma maior sobrevida.

Referências:

Park JS ey al. Association between early nutritional risk and overall survival in patients with advanced pancreatic cancer: A single-center retrospective study. Clin Nutr ESPEN. 2019 Apr;30:94-99.

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