BONA, C.; BARBIERI, F.; BARRETTA, C.; MELO, S.S.; SILVA, A. A.
Universidade do Vale do Itajaí, 5ª Avenida s/n, Bairro dos Municípios, Balneário Camboriú, SC.
O leite materno é o melhor alimento para o lactente, particularmente nos primeiros seis meses de vida, segundo recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) e Ministério da Saúde (MS). Estudos comprovam as vantagens nutricionais do leite materno, principalmente quando as mães recebem orientação sobre a técnica adequada para amamentar. O objetivo deste estudo foi avaliar as causas da introdução precoce de alimentação complementar associada à incidência de cólicas nos lactentes. Participaram da pesquisa 101 crianças hospitalizadas, no período de agosto a novembro de 2004. O estado nutricional foi avaliado através do programa Epi Info 2002, segundo escore Z, OMS (1995). Realizou-se entrevista com as mães contendo questões sobre histórico alimentar, tempo e tipo de amamentação, motivos da introdução precoce de alimentação e presença de cólica nos lactentes. As associações entre as variáveis qualitativas foram testadas por meio do teste qui quadrado, com nível de significância p<0,05. Os resultados demonstraram que a maioria das crianças encontrava-se eutrófica (79,78%) e 12,76% com desnutrição. Dentre as mães, 84,15% amamentaram seus filhos exclusivamente ao seio com duração média de 2,74 meses. A idade média de introdução de alimentação complementar foi de 2,87 meses. 68,31% dos lactentes apresentaram cólica, sendo que, a média da freqüência semanal foi 3,49 vezes e duração de 2,35 meses. A descrição clínica de cólica consiste em paroxismos de irritabilidade, agitação ou choro durante pelo menos três horas ao dia, mais de três dias na semana em pelo menos três semanas. Os motivos mais freqüentes para a introdução precoce de alimentação complementar relatados pelas mães, foram “o leite secou” (19,27%), término da licença maternidade (10,84%), problemas de saúde no seio (9,63%) e o oferecimento de chá (9,63%). A prevalência de aleitamento materno foi alta, no entanto, a duração da amamentação exclusiva ainda é baixa (2,74 meses). Em um estudo realizado em São Paulo foi observado que 86% das crianças iniciaram o aleitamento materno, porém a duração mediana da amamentação exclusiva foi de 18,64 dias, corroborando a idéia de curta duração da amamentação exclusiva até os 6 meses. A análise de correlação entre idade do bebê e a freqüência de cólica demonstrou que quanto mais jovem maior a freqüência de cólica. A partir da análise dos dados sugere-se que a cólica nos lactentes não apresentou associação significativa com a introdução precoce de alimentação complementar, podendo estar relacionada à imaturidade fisiológica, como: motilidade intestinal imatura, produção reduzida de hormônios intestinais e excesso de ar intragastrintestinais.