Co-autores: Estela Beatriz Behling, Joana D’Arc Castania Darin, Lusânia Maria Greggi Antunes, Maria de Lourdes Pires Bianchi
Instituição: Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara, Depto. de Alimentos e Nutrição, UNESP. Araraquara-SP
Nos últimos anos, tem sido realizado um grande número de estudos para verificar se a ingestão de alguns componentes dietéticos como os carotenóides diminuem ou previnem o aparecimento de certas doenças crônicas não transmissíveis. O licopeno é um carotenóide natural, cuja função biológica está relacionada com sua capacidade de seqüestrar radicais livres. A cisplatina (cDDP) é um dos principais agentes antineoplásicos usado para o tratamento de pacientes com vários tipos de cânceres. Entretanto, este fármaco tem seu uso clínico limitado pelos efeitos colaterais, incluindo indução de aberrações cromossômicas. Seus efeitos colaterais e sua mutagenicidade são atribuídos a geração de radicais livres. Os antioxidantes são capazes de proteger as células normais dos danos induzidos no DNA pelos radicais livres gerados pela cDDP, sem comprometer sua eficiência antitumoral. O objetivo desta investigação foi avaliar o possível efeito protetor do antioxidante licopeno sobre as aberrações cromossômicas induzidas pela cDDP em células da medula óssea de ratos Wistar. Os animais foram divididos em dez grupos de tratamento, controle negativo, solvente, três doses de licopeno (2, 4 e 6 mg/kg p.c.), cDDP (5 mg/kg p.c.) solvente associado com cDDP e as associações de licopeno e cDDP. Foram utilizados 6 animais em cada grupo experimental. O licopeno foi administrado em dose única por gavagem 24 h antes da injeção intraperitoneal da cDDP. Os parâmetros analisados foram o número de células com aberrações e o total de aberrações cromossômicas em 600 células/grupo. O pré-tratamento com o licopeno reduziu a freqüência de danos cromossômicos induzidos pela cDDP em todas as doses testadas. O número de metáfases alteradas foi reduzido em 42,3%, 42,1%; 39,4% e o total de aberrações cromossômicas foi reduzido em 47,8% e 46,7%, 55,6% nos animais tratados com 2, 4 e 6 mg/kg de licopeno e cDDP, respectivamente, em comparação com os animais tratados somente com a cDDP. Esta proteção do licopeno foi estatisticamente significativa (p<0,01). Esta proteção do licopeno sobre os danos cromossômicos induzidos pela cDDP pode ser atribuída a capacidade deste carotenóide seqüestrar os radicais livres. Estes dados promissores obtidos in vivo podem contribuir para a inclusão deste carotenóide nas triagens futuras em estudos de quimioprevenção em seres humanos.