PREVALÊNCIA DE ANEMIA FERROPRIVA EM CRIANÇAS DE 0 A 2 ANOS EM AMBIENTE HOSPITALAR E SUA RELAÇÃO COM A INTRODUÇÃO PRECOCE DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR

Postado em 3 de agosto de 2005

BARRETTA, C.; BARBIERI, F.; BONA, C.; MELO, S.S.; SILVA, A. A.

Universidade do Vale do Itajaí – 5ª avenida, sem número, Bairro dos Municípios, Balneário Camboriú – SC.

A anemia causada pela deficiência de ferro vem aumentando nas últimas décadas, acometendo cerca de dois bilhões de habitantes em todo mundo. Os lactentes, particularmente, estão submetidos a uma maior dependência das fontes dietéticas de ferro, em razão dos elevados requerimentos fisiológicos deste elemento para atender à intensa velocidade de crescimento. Neste grupo, destacam-se como fatores envolvidos na etiologia da anemia ferropriva: as reservas de ferro ao nascer, a velocidade de crescimento, as perdas do mineral e a ingestão e/ou absorção insuficiente de ferro dietético. Foi realizado um estudo transversal com 79 crianças em ambiente hospitalar, menores de dois anos, no período de julho a dezembro de 2004, com o objetivo de verificar a prevalência da anemia ferropriva e sua relação com a introdução precoce da alimentação complementar. Para avaliação do estado nutricional, foram coletados peso, estatura e idade e a classificação foi realizada por meio do programa Epi Info, 2002, segundo escore Z (OMS, 1995). Os dados de hemoglobina foram obtidos através de pesquisa em prontuário médico. As informações referentes à anemia gestacional, suplementação de ferro durante a gestação, duração, tipo de aleitamento materno e introdução da alimentação complementar foram coletados com a mãe. O peso ao nascer foi obtido através do cartão de saúde das crianças. Para o diagnóstico de anemia ferropriva foi utilizado o ponto de corte proposto pela Organização Mundial de Saúde de hemoglobina < 11 g/dl (OMS, 1968). As associações entre as variáveis qualitativas foram testadas por meio do teste qui quadrado, com nível de significância p<0,05. Os valores de hemoglobina e peso ao nascer de acordo com a anemia gestacional foram analisados por meio do teste t com nível de significância de 0,05. Os resultados apontaram que 78,48% das crianças apresentavam anemia. A maioria foi amamentada exclusivamente ao seio (89,87%), com média de duração de 2,70 meses. 83,54% apresentaram introdução precoce de alimentação complementar, porém não houve relação significativa (p=0,55) entre a introdução precoce e a anemia nessas crianças. Dos alimentos introduzidos precocemente, o leite de vaca predominou (80,30%), seguido das farinhas (72,72%) e de outros líquidos (57,57%). 75,32% das mães utilizaram suplementação de ferro durante o período gestacional, e 63,29% apresentaram anemia nesse período. A oferta precoce de leite de vaca pode ser uma das causas do alto índice de anemia, predispondo as crianças a infecções de repetição e internações hospitalares, nos primeiros anos de vida. A introdução precoce de outros alimentos (cereais, chá, fibras) na dieta das crianças amamentadas ao seio pode também comprometer a absorção do ferro por mecanismo de quelação. Sugere-se que o alto índice de anemia encontrado nessa população esteja relacionado com a introdução precoce de alimentação complementar e aos constituintes desta dieta. A prevenção e o tratamento da anemia na população infantil são medidas essenciais e de urgência que irão garantir um menor risco de internações hospitalares.

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