Metabólitos intestinais e transtorno depressivo maior: entenda essa relação

Postado em 11 de janeiro de 2021 | Autor: Marcella Gava

O perfil de bactérias intestinais é diferente entre indivíduos saudáveis e com transtorno depressivo maior

Transtorno depressivo maior (TDM) é uma desordem mental

 

Transtorno depressivo maior (TDM) é uma desordem mental comum e debilitante com mecanismos fisiopatológicos ainda indefinidos. Para tentar compreender esse cenário um estudo avaliou a metabolomica fecal de indivíduos com TDM e de indivíduos saudáveis a fim de caracterizar a microbiota destes indivíduos bem como seu potencial funcional. Foram incluídos 311 indivíduos entre 18 e 65 anos de idade, sendo 155 do grupo controle e 156 pacientes com TDM. Foram coletados dados clínicos e demográficos, uma amostra destes respondeu o questionário sobre dieta e qualidade de vida e foram colhidas amostras de fezes para realização da análise do DNA fecal.

A análise principal mostrou que a assinatura bacteriana entre os dois grupos foi significativamente diferente (p=0,003). Foram identificadas 47 espécies de bactérias diferenciadoras entre os grupos. Os indivíduos do grupo TDM foram caracterizados por 18 espécies pertencentes principalmente aos gêneros Bacteroides e por 29 espécies reduzidas, principalmente do gênero Blautia, Eubacterium e Clostridium.  A maioria das espécies reguladas positivamente em TDM pertenciam ao filo Bacteroidetes (12 de 18), enquanto as principais espécies reguladas negativamente pertenciam ao filo Firmicutes (25 de 29) em relação aos controles. Os TDM apresentaram uma redução na abundancia de Clostridium e Klebsiella e um aumento de Escherichia. Não houve grande variação no viroma entre os grupos. A assinatura metabólica também diferiu entre os grupos, onde o grupo TDM teve 16 metabolitos aumentados e 34 reduzidos em comparação ao grupo controle, sendo principalmente metabolitos envolvidos no metabolismo de amino ácidos, nucleotideos, carboidratos e lipideos. Foram ainda identificados 608 genes e genomas diferentes entre os grupos, sendo estes envolvidos em processos biológicos. Pacientes com TDM foram caracterizados por alterações no metabolismo de aminoácidos, carboidratos, nucleotídeos e lipídeos, demonstrando que uma perturbação no metabolismo de aminoácidos teve relevância no ecossistema intestinal destes indivíduos. Os autores identificaram que os genes do microbioma e os metabólitos fecais estavam simultaneamente relacionados ao metabolismo da arginina, prolina e GABA, fenilalanina e triptofano. Quatro especies de bacterias e dois metabólitos fecais foram ainda correlacionados com a gravidade do TDM.

Com isso, os autores apresentaram evidências que o TDM foi caracterizado por distúrbios de bacteriófagos intestinais, bactérias e metabólitos fecais, que representavam os distúrbios gerais da ecologia intestinal nestes individuos. Além disso, o metabolismo de aminoácidos foi uma marca registrada no ecossistema intestinal do TDM. Foi validada, também, uma forma independente de uma combinação do painel de marcadores permitindo uma distinção eficaz entre individuos com TDM e indivídyos saudáveis.

Referência

YANG, Jian et al. Landscapes of bacterial and metabolic signatures and their interaction in major depressive disordersScience Advances, [S.L.], v. 6, n. 49, p. 1-5, dez. 2020. American Association for the Advancement of Science (AAAS). http://dx.doi.org/10.1126/sciadv.aba8555.

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