Estudo de revisão teve comoobjetivo discutir o papel da microbiota intestinal na regulação da pressãoarterial.
A hipertensão (HAS) é oprincipal fator de risco para doenças cardiovasculares. Sua patogênese écomplexa, mas questões como dieta e prática de atividade física são importantesfatores associados à doença.
A relação entre ingestão alimentare composição da microbiota intestinal tem sido descrita na literatura e umcrescente número de evidências apoia o papel da microbiota intestinal naregulação da pressão arterial (PA).
Há evidências de que osistema imunológico e a resposta inflamatória podem estar envolvidos nodesenvolvimento da HAS e que linfócitos T podem influenciar a regulação da PA.Assim, a microbiota intestinal poderia estimular células imunológicas e,consequentemente, ser um fator de regulação da PA.
Estudos experimentaisapontam que o quadro de disbiose, em que há maior presença de bactérias do tipofirmicutes, resulta em maiores valores de PA em animais. A baixa variedade deespécies bacterianas no intestino também parece provocar os mesmosefeitos. Além disso, foi observado queratos hipertensos apresentaram maior permeabilidade intestinal que os nãohipertensos. Assim, a disbiose intestinal pode ser uma das causas da HAS e nãosua consequência.
Em humanos, os estudos têmcrescido nos últimos dois anos, mas apontam para resultados muito parecidos aosdos modelos experimentais. Humanos saudáveis apresentam maior diversidade emaior número de bactérias produtoras de butirato que indivíduos com HAS. Arelação entre ácidos graxos de cadeia curta e a HAS também tem sidoinvestigada, uma vez que, em ratos, tem sido demonstrado uma possível influênciade butirato, propionado e acetato na dilatação de artérias.
Assim os autores concluemque estudos experimentais e clínicos atuais apoiam fortemente uma relaçãoestreita e complexa entre nutrição, microbiota intestinal e seus metabólitos e HAS,o que reforça ainda mais a importância das modificações de dieta e estilo devida como meio de melhorar o controle global da PA. Porém afirmam que um númeromaior de estudos experimentais e clínicos é necessário para determinar osmecanismos envolvidos nessa relação.
Referência
Marques FZ, Mackau CR, Kaue
DM. Beyond gut feelings:
how the gut microbiota regulates blood pressure. Nature Reviews: Cardiology,
ago.2017.