Nova ferramenta para prever a duração da disfagia pós AVC

Postado em 27 de maio de 2019 | Autor: Marcella Gava

Ferramenta tem algoritmo simples que pode prever a recuperação da deglutição e fornecer suporte para a tomada de decisão

Estudo teve como objetivo desenvolver e validar um modelo prognóstico preditor de recuperação da deglutição e necessidade de dieta enteral. Para isso, foram incluíram pacientes admitidos com diagnóstico de acidente vascular encefálico isquêmico (AVEi) e com severo comprometimento da ingestão oral (Escala funcional de ingestão oral – FOIS – <5). As avaliações da deglutição eram realizadas com 1 dia após o AVEi, 1 semana após, na alta hospitalar e após 1 mês de alta. Dados neurológicos foram coletados na admissão e na alta.

Foram incluídos no estudo 279 indivíduos com média de recuperação da ingestão oral de 12 dias. Com sete dias após o AVEi, 64% dos pacientes apresentavam persistência do quadro de severo comprometimento da deglutição, sendo enquadrados para receber dieta enteral. Após 30 dias, a ingestão oral permanecia insuficiente para 30% dos participantes, sendo qualificados para realização de gastrostomia. Um maior tempo para recuperação da ingestão oral foi associado, independentemente, a pneumonia aspirativa (HR 0,42), aumento de mortalidade (HR 0,06), dependência na alta ou após 30 dias (HR 0,67) e institucionalização (HR 0,52). Foram identificados cinco preditores de gravidade: dificuldade inicial para ingestão oral, risco inicial de aspiração, lesão no operculum frontal, idade e escore NIHSS na admissão, e atribuído pontuação a estes, sendo desenvolvida a ferramenta PRESS.

PRESS foi um preditor significativo de avaliação da recuperação da deglutição (HR 0,73 ; p<0,001). Este modelo mostrou uma boa correlação na predição da dificuldade de deglutição oral em 7 e 30 dias após o AVEi (p<0,001). Em comparação a outros métodos, após análise estatística, o PRESS se mostrou mais eficaz na predição do retorno da ingestão oral. Os autores apresentaram diferentes pontos de corte do PRESS para valores preditivos de sensibilidade, especificidade, positividade e negatividade para predição de dificuldade de ingestão oral ou de retorno a dieta pós AVEi.

Em conclusão, foi demonstrado que um algoritmo simples pode prever a recuperação da deglutição e fornecer suporte para a tomada de decisão sobre o uso de nutrição enteral após acidente vascular encefálico isquêmico. A ferramenta está disponível em aplicativo para celular.

Referência:

Galovic M et al. Development and Validation of a Prognostic Model of Swallowing Recovery and Enteral Tube Feeding After Ischemic Stroke. JAMA Neurol. 2019 Feb 11.

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