Nutrição enteral por sonda nasogástrica é mais segura em pacientes críticos sob ventilação mecânica

Postado em 1 de novembro de 2012 | Autor: Rita de Cássia Borges de Castro

Pesquisadores concluíram, em estudo publicado na revista Critical Care Medicine, que pacientes em ventilação mecânica, a nutrição enteral (NE) nasojejunal precoce não aumenta a oferta de energia e não reduz a frequência de pneumonia quando comparada à NE nasogástrica. Segundo os autores, a colocação de sonda nasojejunal de rotina nestes pacientes não é recomendada.

Os autores trabalharam com a hipótese de que a nutrição enteral precoce por via nasojejunal poderia melhorar o fornecimento calórico-proteico, visto que a baixa motilidade gástrica muitas vezes impedia que as metas nutricionais fossem alcançadas.

Trata-se de um estudo multicêntrico, randomizado e controlado realizado em dezessete unidades de terapia intensiva (UTIs) na Austrália. Foram incluídos 181 adultos em ventilação mecânica que tinha elevados volumes gástricos residuais dentro de 72 horas de internação na UTI. Os pacientes foram aleatoriamente distribuídos para receber NE precoce (dentro de 72 horas após internação na UTI) por via nasojejunal ou nasogástrica. As necessidades energéticas foram estimadas a partir de fórmulas específicas, utilizando o peso medido ou estimado, sendo convertido no volume final da NE a ser ofertada. Todos os cuidados foram realizados para que os pacientes tivessem a elevação da cabeceira do leito a 45 graus.

O volume de infusão inicial e o avanço em direção às necessidades estimadas foram determinados pela prática padrão de cada hospital, mas o objetivo era atender às necessidades o mais rápido possível. O período de NE foi continuado até 28 dias após a inclusão do paciente no estudo ou até que o paciente pudesse realizar alimentação por via oral, ou até alta da UTI, ou morte.

Não houve diferença significativa no fornecimento da NE entre as duas vias, sendo que a NE por via nasojejunal atingiu em média 72% das necessidades estimadas e a via nasogástrica atingiu 71%. As taxas de pneumonia associada à ventilação mecânica, vômitos, aspiração, diarreia e mortalidade foram semelhantes nos dois grupos. Entretanto, a hemorragia digestiva baixa (HDB) foi mais comum no grupo que recebeu NE por via nasojejunal (13% para a via nasojejunal vs 3% para a via nasogástrica, p=0,02).

“Este é o maior estudo que comparou o fornecimento da nutrição enteral no intestino delgado (por sonda nasojejunal) com o fornecimento no estômago (sonda nasogástrica) em pacientes de UTI. Descobrimos que a nutrição nasojejunal precoce não aumenta a oferta de energia, não reduz a taxa de ocorrência de pneumonia e aumenta o risco de HDB. A colocação de sonda nasojejunal de rotina nestes pacientes não é recomendada. O uso de sonda nasogástrica nestes pacientes foi seguro e atingiu mais de 70% das necessidades energéticas estimadas”, concluem os autores.

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Referência (s)

Davies AR, Morrison SS, Bailey MJ, Bellomo R, Cooper DJ, Doig GS, et al. A multicenter, randomized controlled trial comparing early nasojejunal with nasogastric nutrition in critical illness. Crit Care Med. 2012;40(8):2342-8.

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