Nutrição e evolução pós UTI em pacientes politraumatizados

Postado em 10 de outubro de 2019 | Autor: Marcella Gava

Pacientes recebendo terapia nutricional ingeriram maiores quantidades de nutrientes

Estudo conduzido por Wittholz teve como objetivo avaliar a terapia nutricional e os desfechos relacionados à nutrição em pacientes politraumatizados após internação em UTI. Foram selecionados pacientes que permaneceram em ventilação mecânica por mais de 48h e maiores de 18 anos e que foram recrutados no momento da alta da UTI. Os dados foram coletados na alta da UTI, nos dias 5 a 7 após a alta, e depois semanalmente até a alta hospitalar, com informações como avaliação nutricional, necessidades nutricionais, dieta recebida e/ou ingestão alimentar, peso, massa muscular avaliada por ultrassom (MMUS) e força avaliada por dinamômetro manual.

Fizeram parte do estudo 28 pacientes. Durante sua internação na UTI, os participantes receberam em média 62 e 63% das suas necessidades de calorias e proteínas estimadas. Na alta da UTI, 68% dos participantes estavam recebendo dieta via oral exclusiva, 18% uma combinação de dieta oral e enteral, 11% dieta enteral exclusiva e 4% uma combinação de enteral e parenteral. Os pacientes recebendo somente dieta oral ingeriram menos calorias e proteínas comparados aos que receberam algum tipo de terapia nutricional (TNE/TNP), sendo a média de ingestão calórica e proteica de 1292kcal e 68g nos pacientes com via oral e 1857kcal e 89g nos pacientes com terapia nutricional associada. Não houve diferença estatística entre os grupos em energia ou adequação proteica entre internação na UTI e pós-UTI.

A proporção de pacientes desnutridos aumentou da internação na UTI até a alta hospitalar, porém sem diferença significativa. Quando foi possível aferir o peso, observou-se perda de peso entre admissão e alta da UTI significativa (perda média de 2,3kg; p=0,02), sendo ainda maior entre admissão na UTI e alta hospitalar (perda média de 4,2kg; p=0,001). A MMUS foi mensurada em mais de uma ocasião após alta da UTI, e foi observada  redução de 0,23cm (7,25%; p=0,01). A redução da MMUS se associou com melhores valores na admissão e com mais dias de internação pós UTI. A força de preensão, entretanto, melhorou do inicio do estudo até 5 dias pós alta da UTI.

Assim, os autores concluíram que a ingestão calórica e proteica foi inferior às necessidades estimadas sendo semelhante durante a internação na UTI e após a alta. No entanto, pacientes recebendo terapia nutricional ingeriram maiores quantidades de nutrientes. Foi observado perda de peso e redução de MMUS após alta da UTI. Porém, as medidas mais apropriadas para avaliação nutricional e recuperação permanecem incertas.

Referência:

Wittholz K. et al. Measuring nutrition-related outcomes in a cohort of multitrauma patients following intensive care unit discharge. J Hum Nutr Diet. Dec, 2019.

 

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