A dieta paleolítica baseia-se nos ancestrais pré-históricos, sendo o nome da dieta referente ao período paleolítico (Idade da Pedra Lascada, período da pré-história que vai de cerca de 2,5 milhões antes de Cristo). Embora existam diversas adaptações da dieta paleolítica, de uma maneira geral, trata-se de uma dieta hiperproteica, rica em fibras, em que há consumo preferencial de carnes magras, peixes frescos, frutas, vegetais e gorduras saudáveis, restringindo totalmente o consumo de alimentos industrializados.
De acordo com os autores, o fato de que os nossos ancestrais eram caçadores, e não agricultores, a dieta paleolítica restringe o consumo de trigo, leite e derivados, bem como não pode haver o consumo de outros cereais e leguminosas (incluindo feijão e soja). Outros alimentos evitados nessa dieta são o açúcar refinado, batatas, sal e óleos vegetais refinados.
A dieta paleolítica ganhou destaque em 1985, a partir de uma publicação científica dos pesquisadores Eaton & Konner. Atualmente vem sendo extensivamente estudada por seus potenciais efeitos para a saúde, incluindo a prevenção e tratamento de doenças crônicas, como obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e câncer.
Em estudos mais recentes, quase trinta anos após a primeira publicação, os pesquisadores Eaton & Konner demonstraram que a dieta paleolítica é eficaz em produzir menores níveis sanguíneos de hemoglobina glicada (marcador do controle da glicemia) e triacilglicerois, além de promover a perda de peso, redução da circunferência da cintura e da pressão arterial diastólica.
Os estudos relatam que a distribuição energética de macronutrientes da dieta no período paleolítico, tinha a seguinte estimativa: carboidratos de 35 a 40%; proteínas de 25 a 30%; lipídios de 20 a 30% e fibras >70g/dia.
Entretanto, devido ao seu aspecto limitante, diversos pesquisadores questionam a dieta paleolítica como uma abordagem eficiente para a promoção da saúde. Entre os questionamentos estão a exclusão de grãos ricos em nutrientes, como o feijão, restrição de laticínios com baixo teor de gordura e as deficiências de nutrientes potencialmente associados com as demais restrições propostas.
Com base nisso, embora estudos possam demonstrar efeitos benéficos da dieta paleolítica, as pesquisas clínicas devem ser mais específicas quanto à composição da dieta e em relatar possíveis efeitos adversos em longo prazo. A sua aplicação deve ser realizada de maneira individualizada, conforme as necessidades nutricionais, bioquímicas e aceitação do paciente.
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