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O que é a origem fetal das doenças dos adultos?

Postado em 16 de dezembro de 2011 | Autor: Rita de Cássia Borges de Castro

A origem fetal das doenças dos adultos, também conhecida como hipótese de Barker, surgiu a partir de estudos conduzidos por David Barker na década de 80, sugerindo que a exposição ao ambiente materno intra-uterino pode causar impactos na saúde e doença do adulto.

Após o surgimento dessa hipótese, diversos estudos epidemiológicos e experimentais evidenciaram que a nutrição materna perinatal, tanto a desnutrição quanto os excessos alimentares, causam consequências duradouras, capazes de sensibilizar o bebê para o desenvolvimento de doenças crônicas, como obesidade, hipertensão e diabetes tipo 2 quando adulto.

Foi observado que durante o período pré-natal, a desnutrição materna é responsável pelo retardo do crescimento intra-uterino, resultando em baixo peso ao nascer. Por outro lado, a presença de diabetes materna durante ou antes da gravidez está frequentemente associada com o nascimento de bebês macrossômicos (bebês gigantes). Tanto o baixo peso ao nascer quanto a macrossomia aumentam o risco do desenvolvimento de doenças crônicas do adulto, embora os mecanismos fisiopatológicos envolvidos sejam diferentes. Portanto, sugere-se cada vez mais que os desequilíbrios nutricionais no útero e na vida pós-natal precoce desempenham um papel crucial no desenvolvimento de doenças metabólicas crônicas do adulto.

Outros estudos indicam que a obesidade paterna também pode desempenhar um papel fundamental na programação de doenças metabólicas nos filhos, destacando a possibilidade de que dietas pouco saudáveis podem reprogramar a expressão de genes nos filhos.

Dentre os principais mecanismos envolvidos na origem fetal das doenças dos adultos são os eventos epigenéticos, que incluem principalmente as alterações da metilação do DNA (ácido desoxirribonucleico) e modificações de histonas. O epigenoma dos filhos é programado especialmente durante o desenvolvimento embrionário, sendo este um momento vulnerável, quando as exposições externas, incluindo a dieta, podem ter efeitos mais relevantes nos eventos epigenéticos.
Portanto, os profissionais de saúde devem estar atentos ao impactos adversos da exposição materna sobre o feto e as possíveis doenças que podem se manifestar ao longo da vida.

Leia mais:

O que é epigenética e qual sua relação com a nutrição?

 

Bibliografia

Vieau D. Perinatal nutritional programming of health and metabolic adult disease. World J Diabetes. 2011;2(9):133-6.

Odom LN, Taylor HS. Environmental induction of the fetal epigenome. Expert Rev Obstet Gynecol. 2010;5(6):657-664.

Moreira MEL, Goldani MZ. A criança é o pai do homem: novos desafios para a área de saúde da criança. Ciênc Saúde Coletiva. 2010;15(2):321-327.

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