O termo dinapenia (dyna=força; penia=perda) foi proposto por Clark e Manini em 2008 para definir a perda de força e potência muscular relacionada ao envelhecimento, que não é causada por doenças neurológicas ou musculares.
Diversos estudos têm associado a dinapenia com o aumento do risco de deficiência física, mau desempenho físico e até mesmo mortalidade. Assim, a preservação da força e potência muscular com o avançar da idade é clinicamente relevante.
A perda de força muscular foi inicialmente confundida com a perda de massa muscular (sarcopenia), que ocorre também durante o envelhecimento. No entanto, pesquisas têm sugerido que outros fatores fisiológicos, independentes do tamanho do tecido muscular, desempenham um papel fundamental na determinação da fraqueza muscular. Isso tornou claro que a força gerada por um músculo não é diretamente proporcional à quantidade de fibra muscular presente nele.
Alguns estudos buscaram relacionar a deficiência de nutrientes com a progressão da dinapenia. Tais dados sugerem que baixos níveis de vitamina E, carotenoides e selênio estão associados com menor resistência muscular. Os mecanismos que determinam essas associações não são completamente compreendidos, mas provavelmente estão relacionados ao controle do estresse oxidativo que danifica o DNA durante o envelhecimento.
Além desses micronutrientes a vitamina D tem ganhado destaque. Pesquisas observaram que os receptores de vitamina D no músculo iniciam a resposta nuclear levando à síntese de proteína, sendo que a atividade destes receptores diminui com o envelhecimento. No entanto, a literatura é conflitante na associação de níveis de vitamina D com a força muscular. Cinco estudos observacionais demonstraram uma relação entre vitamina D e desempenho físico, ao passo que três estudos não encontraram tal associação. O estudo de Janssen et al encontrou que a suplementação com colecalciferol (400 UI por dia + 500 mg por dia de cálcio), em mulheres com níveis baixos de 25-hidroxivitamina D não alterou a força muscular em comparação com um grupo que recebeu placebo. Assim, o efeito da vitamina D na força muscular requer mais investigação.
Dessa maneira, pode-se concluir que os contribuintes biológicos para dinapenia são de ordem multifatorial. As consequências clínicas da dinapenia são significativas, devido ao aumento do risco de limitações funcionais, incapacidade e mortalidade. Os trabalhos futuros deverão fornecer os conhecimentos necessários para, eventualmente, desenvolver intervenções eficazes para a prevenção e tratamento da dinapenia.
Bibliografia
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