O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) consiste em um distúrbio neurocomportamental caracterizado por desatenção e hiperatividade/impulsividade, mais comum em crianças e adolescentes, com prevalência de 6%. Suas manifestações incluem problemas de cognição, comportamentais, afetivos e sociais. Pode ser subdividido em três tipos: TDAH com predomínio de sintomas de desatenção, TDAH com predomínio de sintomas de hiperatividade/impulsividade e TDAH combinado.
Embora a etiologia do TDAH não esteja totalmente compreendida, estudos demonstram que parece ser condicionada por predisposição genética e fatores ambientais, dependente da interação gene-ambiente. Pesquisas indicam que entre os fatores ambientais, incluem-se a exposição materna ao tabaco, álcool, estresse, chumbo, mercúrio, cafeína e pesticidas durante a gravidez.
Estudos relacionam também a deficiência de zinco, ferro e magnésio com o desenvolvimento do TDAH. A ingestão adequada desses micronutrientes pode reduzir o comportamento hiperativo. Além disso, trabalhos recentes sugerem que dietas com baixos níveis de ácidos graxos ômega-3 e altos níveis de ácidos graxos ômegas-6 podem predispor ao desenvolvimento do TDAH, e que o uso de suplementos que contenham ômega-3 pode melhorar os sintomas de hiperatividade em algumas crianças.
Outro fator importante relacionado com o desenvolvimento do TDAH é o possível papel de aditivos/corantes alimentares. As preocupações sobre os efeitos negativos dos aditivos e corantes artificiais se iniciaram em 1970 com o médico Benjamin Feingold. Ele partiu da hipótese de que o aumento na prevalência do TDAH estava relacionado com o aumento do uso de edulcorantes e corantes artificiais na dieta americana. Para testar sua hipótese, Feingold eliminou esses compostos da dieta, bem como frutas e vegetais contendo salicilatos (maçãs, damascos, passas, pepino, pimentão verde e tomate), devido à reação alérgica dessas crianças ao ácido acetilsalicílico. Os estudos de Feingold reportaram que mais de 50% das crianças responderam positivamente à sua dieta de eliminação.
A partir de então, os resultados do trabalho Feingold foram amplamente divulgados e estudos mais recentes continuam apontando que dietas de eliminação com o uso de alimentos hipoalergênicos, bem como a adição de suplementos nutricionais contendo os micronutrientes deficientes, têm demonstrado alguma eficácia na melhora dos sintomas do TDAH. No entanto, a abordagem dietética para o tratamento do TDAH ainda é considerada controversa, necessitando de evidências científicas mais abrangentes.
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Intervenção dietética é eficaz no tratamento do transtorno de déficit de atenção com hiperatividade
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