O Screening Day foi um estudo observacional transversal, realizadosem UTIs de oito países da América Latina (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia,Equador, México, Panamá e Peru).
Em cada centro hospitalar,os pesquisadores, em um único dia, aplicaram triagem nutricional e coletaraminformações clínicas e características demográficas de adultos em estado crítico,hospitalizados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e que recebiam nutriçãoenteral (NE) ou nutrição parenteral (NP) no dia da seleção ou no dia anterior. A avaliação dos pacientes incluiu: cálculos deadequação de necessidades nutricionais e ingestão de calorias e proteínas; avaliaçãodo risco nutricional através da aplicação da Avaliação Subjetiva Global (ASG) eescore de desnutrição da ESPEN; avaliação dos riscos relacionados à terapianutricional através do Nutric Score;e exame físico.
Das instituiçõesparticipantes, a maioria eram hospitais universitários (94 [81,0%]). Destes, 46(39,7%) hospitais relataram ter uma equipe de terapia nutricional na UTI.
Um total de 1053 pacientesem 116 hospitais foram incluídos na avaliação. Em média, os participantespassaram 27,6 ± 62,2 dias na UTI, por razoes como doenças respiratórias,doenças neurológicas, sepse e trauma. Um total de 841 pacientes (79,9%)receberam apenas NE, 113 (10,7%) receberam NE e NP, e 99 (9,4%) receberam apenasNP. 74,1% dos pacientes apresentaram classificação de desnutrição moderada e/ougrave através da aplicação da ASG.
A avaliação da adequação doconsumo calórico (>90% das necessidades estimadas) apontou que 40,3% dospacientes não atingiram as necessidades calculadas e consumiram em média -688,8± 455,2 kcal/dia versus o esperado.Observou-se que os pacientes classificados como bem nutridos pelo escore dedesnutrição da ESPEN e pela ASG foram os que apresentaram maior déficitcalórico, assim como os pacientes que receberam apenas NE (42,2%), emcomparação aos que receberam apenas NP (36,4%) e NE combinada com NP (28,3%). Odéficit calórico permaneceu durante 5 dias para 39,9% dos pacientes, com umamédia de déficit calórico total de -3225 ± 2103 kcal para esse período.
Quanto à ingestão deproteínas, 52,4% dos pacientes atingiram 90% da recomendação de ingestão,enquanto 47,6% apresentaram um déficit de ingestão proteica de -42,2 ± 28,2g/dia. Assim como na ingestão calórica, o déficit proteico foi maio empacientes que receberam apenas NE (50,3%) em comparação com NP isolada (37,4%)ou combinação de NE e NP (36,2%).
Os pesquisadores alertam queo déficit energético, assim como o déficit proteico estão associados adesfechos clínicos ruins, incluindo complicações infecciosas, duraçãoprolongada de ventilação mecânica e aumento da mortalidade. Como os menoresdéficits foram vistos em pacientes que receberam NE combinada à NP, os autores sugerem que os dados apontam parauma oportunidade de utilização mais efetiva da PN suplementar para pacientescríticos em UTI.
Referência
Vallejo KP, Martínez CM,
Adames AAM et al. Current clinical nutrition practices in critically ill
patients in Latin America: a multinational observational study. Critical Care, v.21, n.227, ago.2017.