A gastroparesia é definida como uma síndrome do esvaziamento gástrico retardado, na ausência de obstrução mecânica. Assim, essa condição origina-se da incapacidade do estômago de prover ritmo adequado de esvaziamento gástrico, sendo as etiologias mais comuns a gastroparesia diabética, idiopática (de causa obscura ou desconhecida) e pós-cirúrgica. Um estudo multicêntrico a partir de um banco de dados de 571 pacientes com gastroparesia revelou que 64% eram de origem idiopática e 31% diabética.
Diversos sintomas estão relacionados com a gastroparesia, sendo os mais comuns: náuseas, vômitos, saciedade precoce e plenitude pós-prandial. De um modo geral, o tratamento da gastroparesia inclui medicamentos procinéticos (estimulam a motilidade gástrica) e antieméticos, técnicas endoscópicas e cirúrgicas, intervenções nutricionais e psicológicas.
A terapia nutricional dos pacientes com gastroparesia deve ser individualizada com base na gravidade da doença. Para isso, o primeiro passo é a avaliação nutricional do paciente, a fim de identificar as deficiências nutricionais e o melhor tipo de intervenção. Estudos que avaliaram o perfil nutricional de pacientes com gastroparesia relataram que muitos são obesos e frequentemente apresentam deficiências em vitaminas A, K, C, B6, além de ferro, potássio e zinco.
Nos casos de gastroparesia grave, a nutrição enteral ou parenteral podem ser necessárias. Para a ingestão oral, as recomendações dietéticas dependem de medidas que melhoram o esvaziamento gástrico, tais como o fracionamento da dieta composta de pequenas refeições, com baixo teor de gordura e fibras. Deve-se também evitar o uso de refrigerantes e bebidas alcoólicas, pois ambos podem dificultar o esvaziamento gástrico. Nos diabéticos, o controle glicêmico deve estar próximo do normal, por meio da dieta e medicamentos hipoglicemiantes, pois a melhora da hiperglicemia pode acelerar o esvaziamento gástrico.
Todos os pacientes com gastroparesia devem ser acompanhados frequentemente a fim de observar os fatores que melhoram ou pioram os sintomas. A intervenção regular não só ajuda a melhorar o estado nutricional do paciente, como também melhora outros fatores relacionados à doença.
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