Quais são as estratégias nutricionais para pacientes com esôfago de Barrett?

Postado em 25 de novembro de 2011 | Autor: Rita de Cássia Borges de Castro

Como o esôfago de Barret (EB) é um dos principais fatores de risco para o câncer esofágico, as estratégias nutricionais devem estar voltadas para a sua prevenção. Portanto a conduta nutricional deve ser individualizada, com foco na perda de peso (no caso de paciente com sobrepeso/obesidade), a fim de minimizar os sintomas do refluxo gastroesofágico e preconizar a ingestão de alimentos associados com a prevenção do câncer de esôfago.

O esôfago de Barrett é uma condição patológica adquirida, resultante da agressão crônica do epitélio gastroesofágico escamoso pelo refluxo gastroesofágico, em que ocorre a substituição do epitélio estratificado pavimentoso do esôfago por epitélio colunar especializado do tipo intestinal.

O principal fator que favorece o desenvolvimento do EB é a presença de doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) de longa duração. O refluxo gastroesofágico, ácido ou biliopancreático, sintomático ou não, causa injúria por processo inflamatório crônico, provocando lesões ao esôfago. A DRGE é definida como um refluxo anormal do conteúdo gástrico para o esôfago pelo menos uma vez por semana, levando a sintomas como azia/regurgitação ácida/danos na mucosa do esôfago. Outros fatores de risco tais como, idade acima de 50 anos, indivíduos caucasianos, sexo masculino, ingestão de álcool, obesidade e tabagismo também estão associados com o seu desenvolvimento.

As estratégias nutricionais ainda não estão bem estabelecidas para pacientes com EB, devido às inúmeras controvérsias em relação aos alimentos que favorecem ou protegem dos sintomas de refluxo gastroesofágico. Segundo as diretrizes brasileiras para o diagnóstico e tratamento da DRGE, o hábito de consumir doces e pão branco estão associados com aumento dos sintomas de refluxo e a ingestão frutas pode ter efeito protetor sobre esses sintomas.

Estudos epidemiológicos e metanálises demonstraram que o excesso de peso e obesidade estão associados com os distúrbios relacionados à DRGE, com consequente aumento de risco para adenocarcinoma de esôfago.  Além disso, outros estudos demonstraram um papel eficaz da perda de peso na melhora dos sintomas da DRGE, bem como a melhora da tolerância de alimentos que aumentavam o refluxo.

Existe a crença de que alguns alimentos podem induzir ou piorar os sintomas de DRGE, no entanto, esta condição pode variar entre os indivíduos. Apesar das evidências insuficientes, algumas intervenções dietéticas como evitar o consumo de café e bebidas alcoólicas também devem ser preconizadas.

 

Bibliografia

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