A Lycium barbarum, popularmente conhecida como goji berry, tem sido utilizada como alimento e planta medicinal na Ásia, especialmente na China (em chinês é conhecido como gouqi ou ningxiagouqi). As propriedades funcionais das frutas do L. barbarum estão centradas nas propriedades antioxidantes e imunomoduladoras dos seus constituintes, estando associada com benefícios para a prevenção e tratamento de doenças relacionadas com o envelhecimento, incluindo aterosclerose, neurodegeneração e diabetes.
As propriedades antioxidantes têm sido demonstradas em diversos estudos in vitro e in vivo, que foram atribuídas principalmente pelo conteúdo de seus polissacarídeos e pela grande quantidade de flavonoides. Para ambos os grupos de compostos, os mecanismos de ação envolvem a capacidade de redução de compostos oxidados, a quelação de íons metálicos e a atividade sequestradora de radicais livres. Outros compostos com capacidades antioxidantes presente no goji são a betaína e os carotenoides.
Os carotenoides são um dos principais constituintes da fruta, sendo a zeaxantina o predominante, representando 56% do total dos carotenoides na fruta. O goji berry contém diversas vitaminas, em especial, riboflavina, tiamina e vitamina C (42 mg/100 g). Os flavonoides são outra classe importante de compostos, sendo os principais indentificados: miricetina, quercetina e caempferol. A fruta contém ainda de 1 a 2,7% de aminoácidos livres, sendo o aminoácido prolina o constituinte principal. A taurina é outro aminoácido comumente presente na fruta.
Estudos também realizados in vitro e in vivo têm demonstrado melhora da sensibilidade à insulina, melhora do perfil lipídico por possuir propriedades hipocolesterolêmicas e propriedades anticarcinogênicas dos compostos do goji.
Entre os poucos estudos clínicos, Amagase e colaboradores (2008), em estudo randomizado, duplo-cego e controlado por placebo realizado com 34 indivíduos saudáveis, verificaram que a administração de 120 ml do suco de goji durante 14 dias aumentou a sensação subjetiva de bem-estar geral, melhora do desempenho neurológico/psicológico e de funções gastrointestinais. Em 2009, Amagase e Nance, verificaram em 50 adultos chineses saudáveis com idades entre 55 e 72 anos, que a utilização do suco de goji durante 30 dias melhorou a resposta antioxidante.
Por outro lado, alguns estudos têm reportado potenciais propriedades alergênicas de compostos presentes no goji, devendo ser utilizado com cautela em indivíduos alérgicos. Outra precaução ao ser tomada é para indivíduos que fazem uso do medicamento varfarina, pois a fruta tem propriedades que potencializam o efeito anticoagulante do remédio, levando ao risco de hemorragias.
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