Estudos epidemiológicos sugerem que o consumo de chocolate, com altos teores de cacau (>60%), pode trazer alguns benefícios para a saúde humana reduzindo a pressão arterial e a incidência de doenças cardiovasculares.
Os potenciais efeitos benéficos do chocolate com alto teor de cacau na saúde vascular são devido à elevada quantidade de antioxidantes fenólicos. Os principais compostos fenólicos presentes no cacau pertencem à classe dos flavonóis, como: catequina, epicatequina e procianidinas. Outros compostos também são encontrados no cacau, incluindo ácidos hidroxibenzoicos (gálico, seríngico, protocatequínico, vanilínico), ácidos hidroxicinâmicos e análogos (cafeico, ferúlico, cumárico, clovamida), flavonas (luteína e apigenina) e flavononas (naringerina).
Estudos realizados em cultura de células humanas e em animais indicam que os polifenóis do cacau podem exibir propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e antiaterogênica. Os alvos moleculares incluem a inibição do fator nuclear kappa B (NFKB), óxido nítrico sintase endotelial e enzima conversora da angiotensina, que explicam parcialmente os benefícios dos polifenóis do cacau na saúde cardiovascular.
No entanto, estudos de biodisponibilidade em humanos sugerem que as concentrações plasmáticas dos polifenóis do cacau são menores do que as concentrações utilizadas nos estudos in vitro. Isso porque a quantidade necessária para obter esses efeitos se deve com a ingestão de 100g de chocolate amargo por dia. Desse modo, os estudos também ressaltam que, dependendo do fabricante, o chocolate é uma rica fonte de açúcar e gordura saturada, fatores questionáveis para ser recomendado como parte de uma estratégia nutricional no intuito de promover a saúde cardiovascular.
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Bibliografia
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Salvador I. Atividade antioxidante e teor de resveratrol em cacau, chocolates, achocolatados em pó e bebidas lácteas achocolatadas. Dissertação de Mestrado. Orientador: Alencar SM. Universidade de São Paulo: Centro de Energia Nuclear na Agricultura; Piracicaba, 2011.