Qual a importância da ingestão de lipídios para a saúde do bebê durante a gravidez e lactação?

Postado em 13 de abril de 2012 | Autor: Rita de Cássia Borges de Castro

Diversas evidências científicas apontam que a ingestão de lipídios durante a gravidez e lactação afeta os resultados de crescimento e desenvolvimento do bebê. Esse interesse se concentra sobre o consumo de ácidos graxos essenciais, os ácidos graxos poli-insaturados (AGPI), nos quais potencialmente têm efeitos importantes sobre a saúde, crescimento e desenvolvimento em longo prazo.

Os AGPIs influenciam o perfil de ácidos graxos presentes nas membranas celulares, contribuem para a formação de estruturas útero-placentária, bem como participam do desenvolvimento do sistema nervoso central e formação da retina e, com isso, relacionam-se com a capacidade de aprendizagem e acuidade visual.

Estudos sugerem que a ingestão de AGPIs está relacionada com prevenção de doenças cardiovasculares, câncer de cólon, doenças imunológicas, além de favorecer o desenvolvimento cerebral e da retina. Esses efeitos são atribuídos principalmente ao ácido docosahexaenoico (DHA), um membro da família dos ácidos graxos ômega-3.

A ingestão dietética de lipídios durante a gravidez e lactação, deve ser a mesma que a recomendada para a população em geral, ou seja, entre 15 a 30% do total do valor energético total (VET), sendo menos de 10% na forma de gordura saturada. No entanto, a recomendação para ingestão de DHA é diferenciada e o consumo por mulheres durante a gravidez e lactação deve ser no mínimo 200 mg/dia. O consumo de até 1 g/dia de DHA ou 2,7 g/dia de ômega-3 total tem sido usado em estudos clínicos randomizados, sem ocorrência de efeitos adversos significativos.

A ingestão mínima de DHA pode ser alcançada pela ingestão de duas porções de peixe por semana. As fontes vegetais de ômega-3 não são suficientes para suprir as necessidades de DHA, pois a conversão de ácido alfa-linolênico (ALA), principal ácido graxo ômega-3 presente nas fontes vegetais, em DHA é muito baixa, cerca de 9%. Além disso, o ALA é muito menos eficaz no desenvolvimento cerebral do que o DHA.

 

 

Bibliografia

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