Estudo publicado no periódico JAMA Neurology demonstrou que o uso de suplementos antioxidantes devitamina E e selênio por cinco anos não mostrou efeito na prevenção da demênciadurante um seguimento total de 11 anos em uma grande população de homensidosos.
De acordo com os autores, este estudo, intituladoPREADViSE (Prevention of Alzheimer’sDisease by Vitamin E and Selenium), foi o primeiro a investigar aassociação em longo prazo do uso de suplementos antioxidantes e a incidência dedemência entre homens assintomáticos.
O estudo começou em 2002 como parte do SELECT (Selenium and Vitamin E Cancer PreventionTrial), que avaliou a suplementação de selênio e vitamina E para prevençãodo câncer de próstata. Esse estudo recrutou 7540 homens (média de idade, 67anos) sem qualquer sintoma de prejuízo cognitivo basal. Eles foramaleatoriamente inscritos para receberem vitamina E (400 UI por dia), selênio(200 μg por dia), ambos, ou placebo. O SELECT foi encerrado precocemente em2009 por conta da inutilidade e da toxicidade do selênio.
Pacientes do estudo PREADViSE interromperam o uso dossuplementos, mas continuaram o acompanhamento por seis anos adicionais. Noentanto, quando o SELECT foi finalizado, cerca de metade dos locais de estudointerromperam todas as atividades, então esses pacientes perderam oacompanhamento. “Assim temos apenas cerca de metade da amostra disponível– 3786 pacientes – com o tempo completo de seguimento”, explicam osautores.
Enquanto utilizavam os suplementos do estudo os pacientesforam avaliados para demência utilizando uma triagem em duas etapas. Durante oestudo de coorte, os homens foram contatados por telefone e avaliados por umatriagem cognitiva melhorada em duas etapas. Nas duas fases os homens foramencorajados a procurarem seus médicos se os resultados indicassem um possívelprejuízo cognitivo.
Os resultados demonstraram que, ao final do período deseguimento, 325 homens (4,4%) desenvolveram demência, o que não foi diferenteentre os quatro grupos do estudo. Um modelo Cox, com incidência ajustada parainformações demográficas dos participantes e comorbidades autorrelatadas noinício do estudo, mostrou razões de risco de: 0,88 (intervalo de confiança, IC,95%, 0,64 – 1,20) para vitamina E; 0,83 (IC de 95%, 0,60 – 1,13) para selênio;e 1,00 (IC de 95% 0,75 – 1,35) para a combinação, comparados com o placebo.
Os autores observam que o monitoramento de dados noSELECT mostrou que o selênio pareceu elevar os casos de diabetes tipo 2 (emboraessa taxa elevada tenha subsequentemente reduzido no seguimento adicional), eque a vitamina E pareceu aumentar a incidência de câncer de próstata.
Os suplementos não tiveram efeito na mortalidade, outroscânceres, eventos cardiovasculares, náuseas, fadiga ou alterações ungueais. Oselênio foi associado a um aumento significativo de alopecia e dermatite degraus 1 e 2.
“O uso suplementar de vitamina E e selênio não evitaa demência e não são recomendados como agentes preventivos”, concluem ospesquisadores. Mas eles acrescentam que essa conclusão parte de um estudo compouco poder, com inclusão apenas de homens, um período curto de exposição,considerações sobre doses, e limitações metodológicas devem ser feitas aoconfiar no relato de casos incidentes no mundo real.
Referência
Kryscio
RJ, Abner EL, Caban-Holt A, Lovell M, Goodman P, Darke AK, et al. Association
of Antioxidant Supplement Use and Dementia in the Prevention of Alzheimer’s
Disease by Vitamin E and Selenium Trial (PREADViSE). JAMA Neurol. 2017. [Epub ahead of print]