Estudo avaliou se haveria redução do risco de desenvolvimento de DM2 em indivíduos pré-diabéticos com suplementação de vitamina D3
Considerando os resultados de alguns estudos populacionais, Pittas e colaboradores investigaram a segurança e eficácia da suplementação de vitamina D via oral para a prevenção de diabetes em adultos com risco de DM2. Para isso, realizaram um estudo randomizado placebo-controlado duplo cego que incluiu indivíduos com ao menos dois dos três critérios glicêmicos para pré-diabetes (glicemia de jejum entre 100 e 125; glicemia após TTO entre 140 e 199; e hemoglobina glicada entre 5,7 e 6,4%), com mais de 25 anos e IMC entre 24 e 42. Nível sérico basal de 25-hidroxivitamina D não foi levado em consideração. Foram excluídos apenas os indivíduos que realizavam suplementação prévia de vit D ou de cálcio em quantidades superiores a 600mg.
Os participantes foram divididos em dois grupos: grupo intervenção que recebeu uma pílula diária com 4000UI de vitamina D3 (GV), e grupo controle que recebeu um placebo (GP). Durante o período de 4 anos, foi avaliada a glicemia de jejum, hemoglobina glicada e glicemia após TTO. Também foram analisados cálcio sérico e creatinina e estimada a taxa de filtração glomerular.
2423 pessoas participaram do estudo – 1211 do grupo vitamina D e 1212 do grupo controle. A idade média foi de 60 anos, IMC médio foi de 32,1 kg/m² e a concentração média de 25-hidroxivitamina D basal foi de 28,0ng/ml, sem diferenças entre os grupos. No mês 24, o nível sérico médio de 25-hidroxivitamina D no GV foi de 54,3ng/ml, e no GP foi de 28,8ng/ml. Após um acompanhamento médio de 2,5 anos, 616 indivíduos apresentaram diabetes, 293 no GV e 323 no GP (p=0,12).
Em análise post-hoc verificou-se que em indivíduos com nível basal de 25-hidroxivitamina D inferior a 12ng/ml (30nmol/L), o risco relativo de DM2 no grupo suplementado com vitamina D foi de 0,38, enquanto que nos indivíduos com nível basal de 25-hidroxivitamina D igual ou superior a 12ng/ml o risco relativo de DM2 no grupo suplementado foi de 0,92
Durante o estudo, mais indivíduos do GP iniciaram medicamento para diabetes ou para perda de peso que no GV. Mais participantes no GV (11,2%) que no GP (8,9%) pararam de ingerir os comprimidos do estudo.
Os autores concluíram que em indivíduos com alto risco para diabetes tipo 2, não selecionados por deficiência de vitamina D, a suplementação diária de 4000UI de vitamina D ao dia não resultou na redução significativa de risco para desenvolvimento da doença.
A Redação Nutritotal é formada por nutricionistas, médicos e estudantes de nutrição que têm a preocupação de produzir conteúdos atuais, baseados em evidência científicas, sempre com o objetivo de facilitar a prática clínica de profissionais da área da saúde.
Referência:
Pittas AG et al. Vitamin D Supplementation and Prevention of Type 2 Diabetes. N Engl J Med. 2019 Aug 8;381(6):520-530.
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