Com acompanhamento nutricional e programa de intervenção individualizado, os shakes podem ser aliados no processo de emagrecimento.
Segundo dados do Vigitel, 61.4% da população brasileira enfrenta o sobrepeso ou a obesidade. Nesse sentido, estratégias dietéticas visando o emagrecimento se tornam cada vez mais populares, e o consumo de shakes é uma delas.
Os shakes como ferramenta de emagrecimento fazem parte da categoria “substitutos parciais de refeições” (SPRs), que nada mais são que alimentos ou bebidas que podem substituir uma ou duas das três refeições completas do seu dia, como o café da manhã, o almoço ou o jantar.
Vale ressaltar que a composição nutricional dos substitutos parciais de refeições é preconizada pela ANVISA, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Ou seja, os fabricantes precisam seguir regras na hora de formular os seus produtos, com uma quantidade específica de calorias, proteínas, gordura, vitaminas e minerais.
Fonte: Canva
Afinal, os shakes como ferramenta de emagrecimento possuem embasamento científico? É o que iremos descobrir hoje.
Substitutos Parciais de Refeições (SPRs): resultados de pesquisas
Em uma revisão sistemática e metanálise que reuniu 23 pesquisas com mais de 7.800 participantes, alguns deles seguiram dietas normais, enquanto outras seguiram dietas que incorporavam os SPRs, como shakes. Além disso, alguns participantes só seguiram as dietas, enquanto outros também contaram com o suporte de profissionais da saúde.
Após 1 ano seguindo esses programas, para as pessoas sem acompanhamento profissional, aqueles que consumiam SPRs perderam cerca de 1,44 kg a mais do que aqueles que não consumiam.
Já para os participantes que contaram com ajuda profissional, os SPRs levaram a uma perda média adicional de 2,2 a 6,1 kg a mais, em comparação àqueles que seguiram dietas normais.
Em resumo, essa pesquisa mostra que o auxílio de SPRs, como shakes, pode potencializar o emagrecimento, principalmente com a intervenção de um profissional da saúde.
Agregando os shakes ao tratamento do sobrepeso e da obesidade
A literatura científica atual reforça que o acúmulo de peso vai além da “falta de força de vontade”. Na verdade, está diretamente relacionado à desregulação do hipotálamo. Em pacientes com sobrepeso e obesidade, ocorre um desequilíbrio entre neurônios orexígenos (que aumentam a fome) e anorexígenos (que promovem a saciedade), o que torna o tratamento mais desafiador.
Nesse contexto, os SPRs como shakes aparecem como ferramentas práticas e viáveis para auxiliar no emagrecimento, quando integrados a outras intervenções focadas no indivíduo. Por exemplo, a literatura científica já mostrou que o tratamento baseado nos fenótipos da obesidade pode ser mais eficaz que tratamentos generalizados.
Quer entender ainda mais sobre como anda o debate sobre o tratamento da obesidade? Convidamos a médica endocrinologista e metabologista Andressa Heimbecher para trazer informações valiosas sobre esse tópico, incluindo:
- O papel da desregulação cerebral no desenvolvimento da obesidade
- Alternativas ao IMC para um diagnóstico mais preciso
- Tratamento individualizado e baseado em diferentes perfis da obesidade
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Referências:
Anderson JW, Fuller J, Patterson K, Blair R, Tabor A. Soy compared to casein meal replacement shakes with energy-restricted diets for obese women: randomized controlled trial. Metabolism. 2007 Feb;56(2):280-8. doi: 10.1016/j.metabol.2006.10.013. PMID: 17224344.
Astbury, N. M., Piernas, C., Hartmann‐Boyce, J., Lapworth, S., Aveyard, P., & Jebb, S. A. (2019). A systematic review and meta‐analysis of the effectiveness of meal replacements for weight loss. Obesity reviews, 20(4), 569-587.
Do Meal Replacement Shakes Really Work for Weight Loss? Herbalife United States.
Guo X, Xu Y, He H, Cai H, Zhang J, Li Y, Yan X, Zhang M, Zhang N, Maddela RL, Nicodemus-Johnson J, Ma G. Effects of a Meal Replacement on Body Composition and Metabolic Parameters among Subjects with Overweight or Obesity. J Obes. 2018 Dec 26;2018:2837367. doi: 10.1155/2018/2837367. PMID: 30687550; PMCID: PMC6327254.
Min, J., Kim, S. Y., Shin, I. S., Park, Y. B., & Lim, Y. W. (2021). The effect of meal replacement on weight loss according to calorie-restriction type and proportion of energy intake: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics, 121(8), 1551-1564.
Resolução da Diretoria Colegiada nº 715 de 01º de julho de 2022, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
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