Consumo de arroz e feijão diminui risco de obesidade em crianças

Postado em 27 de janeiro de 2017 | Autor: Alweyd Tesser

Estudo publicado no The British Journal of Nutrition demonstrou que padrões alimentaresocultos derivados de eventos alimentares específicos consumidos de acordo com ohorário do dia, estão associados ao risco de obesidade, independentemente defatores socioeconômicos e demográficos, em uma amostra representativa de crianças.

Pesquisadores brasileiros conduziram umestudo transversal de base populacional com 1.232 crianças com idade de 7 a 10anos. As crianças completaram um questionário alimentar do dia anterior,ilustrado com 21 alimentos bebidas, em seis eventos alimentares diários.

A análise de classes latentes foiutilizada para derivar padrões alimentares cuja associação com o peso infantilfoi avaliada por regressão multinomial multivariada.

Foram identificadas quatro classeslatentes de padrões alimentares rotuladas de acordo com o horário do dia deeventos alimentares e probabilidade de ingestão alimentar (PIA).

A primeira classe latente (A) foicomposta por 32,3% das crianças cujo padrão alimentar foi rotulado como”PIA mais elevado somente no almoço”. O seu comportamento alimentardistintivo pode ser resumido da seguinte forma: em comparação com a frequênciamédia de consumo (FMC) da amostra, eles tinham uma probabilidadesignificativamente elevada de consumir arroz (51%) e feijão (80%) no almoço,mas com frequência atenuada de consumir alimentos selecionados em outrasrefeições: não há possibilidade de consumir peixe no café da manhã; sem consumode arroz, feijão e folhas verdes, bem como uma probabilidade 84% menor de comersopa de legumes no lanche da manhã; nenhuma chance de comer sopa de legumes nolanche da tarde; e 34 e 82% menor probabilidade de comer carne e folhas verdespara o jantar, respectivamente.

A segunda classe (B) incluiu 48,6% dascrianças, e seu padrão alimentar foi rotulado “menor PIA em todos oseventos alimentares”. Esta classe apresentou uma probabilidadesignificativamente menor de consumir alimentos selecionados em todas asrefeições diárias / lanches quando comparado com a FMC: no café da manhã (72 e27% menor PIA para carne e suco de frutas, respectivamente); No lanche da manhã(88 e 81% PIA mais baixa para arroz e feijão, respectivamente); No almoço (51 e74% menor PIA para arroz e feijão, respectivamente); No lanche da tarde (PIA35% menor para ingestão de frutas); e no lanche noturno (63 e 61% menor PIApara café com leite e legumes cozidos, respectivamente). Além disso, umacaracterística distintiva importante desta classe era a probabilidade reduzidade consumir feijão e arroz no almoço.

A terceira classe (C) incluiu 15,1% dascrianças cujo padrão dietético foi denominado “PIA mais alto no almoço, elanches à tarde e à noite”. Seu comportamento alimentar foi semelhante aoda primeira classe em relação ao almoço, com probabilidade significativamenteelevada de consumir arroz (47%) e feijão (61%), em comparação com a média daamostra (FMC). Eles também tinham probabilidade significativamente elevada deconsumir pão/biscoitos (122%) e leite com chocolate (139%) no lanche da tarde,e consumir pão/biscoitos novamente à noite (113%). Outra característicadistintiva foi praticamente nenhum consumo de arroz, feijão e folhas verdesdurante lanche da manhã, sem queijo no almoço, bem como 75% menor probabilidadede consumir leite no jantar.

A quarta classe latente (D) incluiu 4%das crianças, e seu padrão alimentar foi nomeado “menor PIA nocafé-da-manhã e no lanche à noite, PIA superior em outras refeições/lanches”.Seu comportamento distintivo foi caracterizado por uma probabilidadesignificativamente maior de comer arroz (23,4 vezes), feijão (22,7 vezes) efolhas verdes (15,5 vezes) no lanche da manhã em comparação com o FMC. Umaprobabilidade significativamente maior de comer arroz (36%) também foiencontrada no almoço. O lanche da tarde foi caracterizado por uma probabilidade64% maior de consumir pão/biscoitos e uma probabilidade 54% menor de beberrefrigerantes; No jantar, houve uma chance 18% maior de comer carne; Para olanche da noite não havia chance de comer legumes cozidos e chancessignificativamente menores de consumir pão/biscoitos (48% menos) e leite comchocolate (46% menos).

Após o controle de potenciais fatores deconfusão, as probabilidades médias de obesidade para essas classes foram de 6% paraa classe A, 13% para a classe B, 12% para a classe C e 11% para a classe D.

Em conclusão, as crianças que comiamalmoço tradicional com arroz e feijão como a principal refeição do dia (classeA) tiveram o menor risco de obesidade, reforçando assim a importância tanto dotipo de alimento como do tempo de consumo.

Referência

Kupek E, Lobo AS, Leal DB, Bellisle F,
de Assis MA. Dietary
patterns associated with overweight and obesity among Brazilian schoolchildren:
an approach based on the time-of-day of eating events. Br
J Nutr. 2016; 116(11):1954-1965.

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