Índice de adiposidade não é preciso para estimar a gordura corporal

Postado em 29 de janeiro de 2016 | Autor: Alweyd Tesser

 

Um estudo publicado no Nutrition Journal demonstrou que para estimar a porcentagem de gordura corporal (%GC) em pacientes brasileiros com obesidade grave, o índice de adiposidade corporal (IAC) apresentou valores diferentes daqueles estimados pela pletismografia por deslocamento de ar (PDA).
Conduzido por Belarmino e colaboradores, o estudo avaliou a estimativa da %GC através do cálculo do IAC, medidas antropométricas (altura, circunferências abdominal e do quadril, peso corporal e índice de massa corporal, o IMC) e PDA, método considerado padrão ouro para composição corporal. Participaram do estudo 72 indivíduos com índice de massa corporal (IMC) ≥ 30 kg/m2 e idade entre 30 e 55 anos.
O cálculo do IAC utiliza a altura em metros e a circunferência do quadril em centímetros na fórmula abaixo:
As análises estatísticas utilizadas no estudo incluíram o cálculo do coeficiente de correlação de Pearson, que foi utilizada para verificar o quanto um método é semelhante ao outro: quanto maior for o valor, mais próximo do padrão ouro é o segundo método; o coeficiente de correlação de concordância de Lin (RC), que foi utilizado para avaliar a reprodutibilidade entre IAC e PDA; e os limites de 95% de concordância entre a IAC e PDA e IMC e PDA, que foram determinadas usando o método de Bland-Altman.
A estimativa da %GC ± desvio padrão foi 52,1 ± 5,7% para a PDA e 47,7±7,4% para o IAC, com uma correlação positiva Pearson (rc = 0,66) e correlação de concordância de Lin positiva (RC = 0,479) observada entre esses métodos.
Os resultados demonstraram que o IAC forneceu valores diferentes daqueles estimados pela PDA, especialmente em pacientes com valores mais baixos de %GC. Além disso, o IAC exibiu um desvio sistemático positivo. A correlação entre os valores de %GC estimados pela PDA e IAC foi significativa, provavelmente porque existem padrões de variação semelhantes para ambos os métodos. No entanto, nos gráficos de Bland-Altman que foram gerados, os limites de concordância entre os dois instrumentos de avaliação foram grandes e o IAC exibiu um viés positivo em relação ao método de referência. Estes resultados sugerem que, na população estudada, as estimativas de %GC por IAC incluíram um grau substancial de erro que pode potencialmente levar a uma superestimação da %GC.
“O IAC é um método simples, não invasivo e relativamente barato para calcular %GC. No entanto, o IAC apresentou um desempenho ruim em pacientes obesos com IMC maior que 30”, concluem os autores. “Esses resultados de modo algum diminuem o potencial para a aplicação clínica do IAC, mas sugerem que o IAC não pode ser adequado para estimar %GC em pacientes brasileiros severamente obesos”, afirmam.
Leia também:

 

 

Referência (s)

Belarmino G, Horie LM, Sala PC, Torrinhas RS, Heymsfield SB, Waitzberg DL. Body adiposity index performance in estimating body fat in a sample of severely obese Brazilian patients. Nutr J. 2015; 14(1):130.

Leia também



Cadastre-se e receba nossa newsletter