Acurácia das dobras cutâneas para avaliar porcentagem de gordura corporal

Postado em 27 de abril de 2020 | Autor: Natália Lopes

Pela facilidade de aferição e seu baixo custo, a utilização das dobras cutâneas ainda é indicada para avaliação de composição corporal na prática clínica

A avaliação de composição corporal através do modelo de quatro compartimentos (4C) tem sido considerada padrão-ouro, pois combina diferentes métodos que permitem a avaliação individual de cada compartimento corporal, volume corporal (VC), conteúdo mineral ósseo (CMO) e água corporal total (ACT), sem considerar nenhuma constante. Porém, tal método é inviável na prática clínica, uma vez que resulta da combinação de dado obtidos através de pesagem hidrostática (PH), absorciometria por raios X de dupla energia (DXA), diluição de deutério (DD) e bioimpedância (BIA). Visto a dificuldade de acesso a esses equipamentos na prática clínica, a utilização das dobras cutâneas seriam, ainda hoje, uma alternativa para realizar avaliação de composição corporal em diversas populações.

Nickerson e colaboradores conduziram um estudo com o intuito de examinar a precisão de medidas da espessura das dobras cutâneas (DC) em estimar a composição corporal, quando comparadas aos modelos de 4C que utilizam PH, DXA e VC. Para isso recrutaram 187 indivíduos, sendo 96 homens e 91 mulheres, com idades entre 18 e 40 anos, aparentemente saudáveis, sem doença cardiovascular, pulmonar ou metabólica autorreferida. Os participantes respeitaram protocolo de preparo na véspera e no dia dos exames, que foram realizados no mesmo momento. Todos os participantes foram submetidos a aferição de altura, peso, DC (tórax, axila média, tríceps, abdômen, suprailíaca, subescapular e coxa), exame de BIA, DXA e PH. Densidade corporal e porcentagem de gordura foram calculadas através das dobras cutâneas seguindo protocolo de sete dobras de Jackson (7DJ), sete dobras Evans (7DE) e protocolo de quatro dobras de Peterson (4DP). ACT medida por BIA, massa magra (MM), massa gorda (MG) e CMO fornecidos por DXA e VC por PH foram utilizados em fórmula específica para cálculo de MG e porcentagem de gordura (%G) em modelo de 4C.

Os participantes apresentaram IMC médio de 24,5 ± 4,6 kg/m² e %G de 21,9 ± 8,1 pelo modelo de 4C. Na análise de composição corporal, os autores observaram que as %G obtidas por 7DJ, 7DE e 4DP foram significativamente menores que a %G pelo método 4C (todos p <0,001), apesar disso, a %G estimada por DC se correlacionou moderadamente com %G por modelo de 4C, sendo que %G estimada por 4DP produziu a correlação mais fraca (r ± 0,5, p <0,001), enquanto a %G por 7DJ produziu a correlação mais forte (r = 0,9, p <0,001).

Assim, os autores concluem que a técnica de DC é um método de avaliação de composição corporal e %G prático, viável e facilmente administrado por profissionais de saúde e médicos quando métodos mais sofisticados e caros não estão disponíveis.

Referências

Nickerson BS et al., The relative accuracy of skinfolds compared to four-compartment estimates of body composition, Clinical Nutrition, https://doi.org/10.1016/j.clnu.2019.04.018.

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