Aleitamento materno promove maior inteligência na vida adulta

Postado em 23 de abril de 2015 | Autor: Alweyd Tesser

 

Uma pesquisa conduzida por pesquisadores da Universidade de Pelotas, acompanhou, durante mais 30 anos, 3.500 recém-nascidos e observou que uma criança amamentada por pelo menos um ano obteve aos trinta anos de idade quatro pontos a mais de QI (quociente de inteligência) e acréscimo de R$ 349 na renda média.
 
As informações sobre o desempenho nos testes de QI e o tempo de amamentação foram obtidas entre 3.493 participantes da amostra inicial de nascidos em Pelotas em 1982. Nos primeiros anos de vida das crianças, os pesquisadores coletaram dados sobre o tempo de amamentação de cada criança. Quando estavam com 30 anos, em média, os participantes realizaram testes de QI (Escala de Inteligência Wechsler para adultos, terceira versão), e as informações sobre grau de escolaridade e nível de renda também foram coletadas.
 
Os pesquisadores dividiram os participantes em cinco grupos com base na duração do aleitamento quando bebês, fazendo o controle para dez variáveis sociais e biológicas que podem contribuir para o aumento de QI, entre elas: renda familiar ao nascimento, grau de escolaridade dos pais, ancestralidade genômica, tabagismo materno durante a gravidez, idade materna, peso ao nascer e tipo de parto.
 
Nas análises, as durações do aleitamento materno exclusivo e do aleitamento materno predominante (a amamentação como a principal forma de nutrição com alguns outros alimentos) foram associadas positivamente com o QI, nível de escolaridade e renda. Os participantes que foram amamentados por 12 meses ou mais apresentaram QI mais elevados (diferença de 3.76 pontos, 95% CI 2.20-5.33), mais anos de escolaridade (0.91 anos, 0.42-1.40) e renda mensal mais elevada (341.0 reais, 93.8-588.3), do que aqueles que foram amamentados por menos de 1 mês. Os resultados sugerem ainda que o QI foi responsável por 72% do efeito sobre a renda.
 
Segundo os autores, um possível mecanismo biológico para este efeito é a presença de ácidos graxos saturados de cadeia longa no leite materno, que são essenciais para o desenvolvimento neurológico.
 
O estudo, publicado na revista The Lancet, é o primeiro no Brasil a mostrar o impacto do aleitamento no QI e o primeiro internacionalmente a verificar a influência na renda.

 

Referência (s)

Victora CG, Horta BL, Loret de Mola C, Quevedo L, Pinheiro RT, Gigante DP., et al. Association between breastfeeding and intelligence, educational attainment, and income at 30 years of age: a prospective birth cohort study from Brazil. Lancet Glob Health. 2015;3(4):e199-205.

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