Nossa pele é constituída por tecido epitelial, um tecido cujas células são firmemente unidas para promover proteção contra agentes externos, como calor, luz, infecções e lesões. A pele bronzeada significa que houve a ação dos raios ultravioletas do sol e quando em excesso pode causar danos à sua saúde (1).
Porém, uma das mais importantes e principais contribuições para o envelhecimento da pele vem do excesso de produção de espécies reativas de oxigênio (ERO) e uma atividade antioxidante reduzida pelo avançar da idade (2). Essa oxidação é atribuída aos radicais livres (RL), moléculas que se formam por uma reação natural do organismo ao processo de queima do oxigênio pelas células. Como são instáveis, rapidamente se associam às moléculas próximas, o que pode levar a danos em células sadias. Em 99% dos casos, o organismo repara esses danos. Mas, se houver aumento na produção de RL, incentivada por uma alimentação inadequada, grande exposição a radiação ultravioleta do sol ou fumo, entre outros agressores, torna-se difícil neutralizar as consequências causadas na pele, como manchas, rugas, falta de hidratação, entre outras (2,3). Neste momento faz-se necessárias doses adicionais de substâncias antioxidantes.
As vitaminas e uma variedade de extratos de plantas têm sido estudadas por possuírem potentes propriedades antioxidantes e têm sido amplamente utilizadas para o cuidado e proteção da pele. Entre eles destacam-se as vitaminas E, A e C, pois são consideradas potentes supressores dos RL (3).
A vitamina E (alfa-tocoferol) auxilia na remoção de RL, especialmente das ERO. É uma vitamina solúvel em gordura que está envolvida na estabilização da membrana celular por inibição da oxidação de ácidos graxos poli-insaturados, tais como o ácido araquidônico de fosfolípides da membrana. A deficiência de vitamina E tem sido associada com uma síndrome de edema com eritema papular ou alterações seborréicas, secura, e despigmentação prematura infantil (2). Sem a capacidade da vitamina E para atuar como antioxidante primário da pele pode ocorrer um aumento nas rugas prematuras e, possivelmente, levar a uma carcinogênese (4). O mineral selênio (encontrado no queijo cottage, nozes, castanha-do-Pará, sementes de girassol e óleo de peixe) atua em conjunto com a vitamina E para proteger contra o câncer de pele (5).
A vitamina A tem o seu papel mais conhecido na adaptação da visão ao escuro, no entanto ela também desempenha um papel importante no desenvolvimento, proliferação epitelial e queratinização, mantendo as células da pele saudáveis e combatendo os danos dos RL. Sua deficiência irá resultar em uma pele seca e escamosa, mas essa descamação também pode estar associada a uma hipervitaminose assim como a hiperpigmentação da pele (5). Manga, batata doce e espinafre são alimentos ricos em vitamina A (1).
O ácido ascórbico (vitamina C) é uma vitamina solúvel em água necessária para a síntese de colágeno, tendo um papel de cofator na hidroxilação dos aminoácidos prolina e lisina. A vitamina C, combate os danos da pele e rugas, auxiliando o colágeno, proteína estrutural da pele, e elastina, proteína elástica da pele. A sua deficiência mais conhecida é o escorbuto, mas também podem ocorrer hemorragias e comprometimento da cicatrização da pele. Em fumantes e indivíduos que vivem em cidades poluídas a vitamina C tem um papel fundamental no combate aos RL (5). Frutas cítricas, como laranja, kiwi são ótimas fontes de vitamina C (1,5).
Além destas vitaminas, a niacina (vitamina B3) acalma a pele irritada, avermelhada ou manchada e pode ser encontrada no abacate, farelo de trigo, carne de vitela e fígado. Os ácidos graxos essenciais (ômega-3) encontrados no óleo de linhaça, salmão, e sementes de abóbora também são cruciais para a hidratação da pele, mantendo poros limpos e ajudando a prevenir a acne (5).
Uma alimentação balanceada rica em antioxidantes ajuda a evitar os danos causados pelos RL ao organismo, como os causados pelo sol, alimentação inadequada e o envelhecimento (1-5). Porém, muitas vezes não consumimos todos os nutrientes necessários para manter nossa saúde. Por isso, a suplementação de antioxidantes tem grandes benefícios em indivíduos que não atingem a necessidade adequada na alimentação diária.
Priscila Sala
Nutricionista especialista em Nutrição nas Doenças Crônico-Degenerativas pelo Instituto de Ensino e Pesquisa Albert Einstein e especialista em Terapia Nutricional Parenteral e Enteral e Nutrição Clínica pelo GANEP. Doutoranda e pesquisadora científica do LIM35 da FMUSP.
Jana Grenteski
Nutricionista. Mestranda do Laboratório de Nutrição e Cirurgia Metabólica – LIM 35 da FMUSP.
Lilian Mika Horie
Nutricionista. Especialista em Nutrição Hospitalar pelo HC-FMUSP, Mestre e Doutoranda em Ciências pelo Departamento de Gastroenterologia da FMUSP. Pesquisadora científica do LIM-35 da FMUSP.
Referências:
1. U.S. Department of Health and Human Services. A Lifetime of Good Health Your Guide to Staying Healthy. http://www.womenshealth.gov/publications/our-publications/lifetime-good-health/
2. Zouboulis, CC, Makrantonaki E. Clinical aspects and molecular diagnostics of skin aging. Clinics in Dermatology. 2011; 29, 3–14.
3. Kohen, R. Skin antioxidants: their role in aging and in oxidative stress – New approaches for their evaluation. Biomed & Pharmacother. 1999; 53: 81-92
4. Draelos ZD. Eating for a lifetime of healthy skin. Journal of Cosmetic Dermatology. 2011; 10, 1
5. Ryan, AS, Goldsmith, A. Nutrition and the skin. Clinics in Dermatology. 1996;14:389-406.