Consumo de carne curada está associado à piora dos sintomas de asma

Postado em 6 de janeiro de 2017 | Autor: Alweyd Tesser

Resultados de um estudo longitudinal publicado no periódico Thorax demonstraram que os sintomas de asma em adultos pioraram ao longo do tempocom o aumento no consumo de carnes curadas, levemente mediado por aumentos doíndice de massa corporal (IMC).

Os autores analisaram dados de 971 participantes,incluindo 42% com asma, que foram recrutados no estudo prospectivo Epidemiological Study on the Genetics andEnvironment of Asthma (EGEA) entre 2003 e 2007. Os pesquisadores incluíramapenas adultos (média de idade de 43 anos) que completaram o questionário defrequência alimentar e possuíam dados sobre sintomas de asma. Dentro dos 118itens do questionário alimentar, o presunto (duas fatias por porção), a salsicha(uma unidade por porção) e a linguiça (duas fatias por porção) foramcategorizados como carnes curadas.

Quase metade dos participantes (48%) tinha um consumomédio de 1 a 3,9 porções por semana, 33% consumiam no mínimo quatro porções porsemana e 19% consumiam menos de uma porção por semana. Pouco mais de um terço(35%) estava acima do peso e 9% eram obesos; 51% nunca havia fumado.

Dentre aqueles que consumiam no mínimo quatro porções decarne curada por semana, 22% relataram piora dos sintomas de asma comparadoscom 14% daqueles que comiam menos de uma porção por semana e 20% dos que comiamde uma a 3,9 porções por semana.

Os pesquisadores utilizaram um modelo estatístico paraestimar os efeitos diretos do consumo de carne curada nos sintomas de asma dosparticipantes. Eles avaliaram dois padrões dietéticos multifatoriais: um comalto consumo de frutas, vegetais, grãos integrais, óleos e peixe; e outro comalto consumo de carnes curadas, condimentos, álcool, sanduíches, batatas fritase outras batatas.

Depois desses ajustes, os participantes que comiam nomínimo quatro porções de carne curada por semana tiveram uma chance 76% maiorde piora nos sintomas de asma do que aqueles que consumiam menos de uma porçãode carne curada por semana (odds ratio, OR para multivariáveis, 1,76; IC de95%, 1,01 – 3,06). Quando os pesquisadores consideraram o efeito indireto doIMC nos sintomas de asma, eles determinaram que o IMC foi responsável porapenas 14% do efeito total da influência das carnes curadas nos sintomas deasma (OR, 1,07; IC de 95%, 1,01 – 1,14). No entanto, nenhuma interação foiobservada entre o consumo de carne curada e o IMC nas associações com asma (p =0,90).

“O efeito indireto do alto consumo de carne curadamediado pelo IMC correspondeu a apenas 14% da associação com a piora dossintomas da asma, então o efeito direto explicou uma maior proporção, sugerindoum papel deletério da carne curada independente do IMC”, concluíram os autores.

Além da possibilidade do estresse nitrosativo e oxidativodanificando os pulmões devido aos altos níveis de nitrato nas carnes curadas,os pesquisadores propuseram dois outros mecanismos pelos quais essas carnespoderiam piorar a asma. O primeiro é um aumento na inflamação sistêmica,considerando associações previamente identificadas entre o consumo de carnecurada e a proteína C-reativa. O outro, apoiado apenas por escassas evidênciasde asma na infância, é o alto consumo de sal e gordura saturada, que podeafetar os sintomas de asma.

Referência

 

Li Z, Rava M, Bédard A, Dumas O, Garcia-Aymerich J,
Leynaert B, et al. Cured meat
intake is associated with worsening asthma symptoms. Thorax. 2016 [Epub ahead
of print].

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